Presidente da Câmara da Figueira da Foz, onde estão em causa cinco novas autarquias no decreto de desagregação, diz que a pretensão das populações é “genuína e sentimental”, mas entende o "chumbo" de Marcelo pela dificuldade de colocar em prática a mudança a tempo das eleições.
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Pedro Santana Lopes, presidente da Câmara da Figueira da Foz, respeita o sentimento de desagrado das populações, mas percebe o veto do Presidente da República à reposição das freguesia. Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que vetou a reposição de freguesias apenas por razões de calendário, não sendo contra essa opção política, e que teve a preocupação de dar tempo ao parlamento para confirmar o decreto.
No caso da Figueira estão em causa cinco novas freguesias: Buarcos, São Julião, Brenha, Ferreira a Nova e Santana (e o reajustamento do território de Alhadas), que conseguiram entrar no processo de desagregação já na reta final, com a esperança, tal como todas as outras - 302 no total, fruto da desagregação de 135 – de irem a tempo das próximas eleições autárquicas, em setembro ou outubro deste ano.
O autarca da Figueira da Foz considera que o mais importante é respeitar a vontade das freguesias. “Sou testemunha que o processo de agregação, em 2013, deixou muitas populações genuinamente sofridas na Figueira. Não é pelos cargos que essas pessoas possam vir a ocupar, é pelo sentimento”, assegura Santana Lopes.
"Estaremos preparados"
Mas o edil percebe a posição do presidente da República, “é difícil colocar em prática esta mudança a tempo das eleições”. Santana Lopes acredita, no entanto, que se o Parlamento confirmar a desagregação nos mesmos moldes, Marcelo Rebelo de Sousa aprovará o decreto. “Se assim for, no caso da Figueira, estaremos preparados a tempo das eleições, nem que tenhamos de trabalhar 20 horas por dia”, assegurou ao JN. Será assim no seu concelho e no resto do país, prevê Santana Lopes, confiante na capacidade de “desembaraço” e “mobilização” dos portugueses.
Santana Lopes lamenta, no entanto, o atraso em todo o processo. Não culpa os deputados ou os autarcas, mas os condicionalismos das circunstâncias, “nomeadamente as eleições legislativas de 2022 e 2024”, que impediram que tudo tivesse sido feito a tempo. “Surgiu tudo muito tarde, com entradas de freguesias na parte final do processo, que foram justas, e agora o veto do presidente da República, que também surgiu tardiamente”, considera o presidente da Câmara da Figueira.
Questionado se no caso do processo não ficar fechado a tempo das eleições, poder haver boicotes, ou outro tipo de protestos, das populações, Santana Lopes admitiu que possam acontecer mas espera que não existam.