O Mosteiro de Grijó recebe, hoje e amanhã, mais uma recriação inserida nas Lides de Gaia. A iniciativa, que chega à oitava edição, já se afirmou como um dos momentos culturais mais aguardados do concelho.
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A partir das 21.30 horas desta sexta-feira, o terreiro do Mosteiro de Grijó transforma-se em cenário vivo de episódios históricos, com figurinos de época, encenações rigorosas e narrativas inspiradoras. O evento reúne momentos marcantes da história nacional e local, com especial destaque para a vida e conversão de Santo Agostinho, a chegada dos Cónegos Regrantes a Portugal, a adoção da Regra de Santo Agostinho pelo mosteiro e a emblemática Batalha de Grijó, travada em 1809 durante as Invasões Napoleónicas.
“Sente-se já uma grande expectativa. Toda a comunidade está curiosa para ver como serão as Lides deste ano”, revelou, ao JN, o padre António Coelho Oliveira, responsável pela Paróquia de S. Salvador de Grijó.
O pároco sublinha que esta iniciativa tem permitido “dar a conhecer a história de Portugal e mostrar a profunda ligação da vila de Grijó a essa história”, sem esquecer os grandes patronos espirituais do mosteiro: Santo Agostinho, Santo Teotónio e Santo António.
Entre fé e a espada: o percurso de um lugar sagrado
Em ambos os dias, as Lides de Gaia começam às 21.30 horas. A programação tem início com a recriação da vida de Santo Agostinho. A sua profunda transformação espiritual, marcada pelo abandono da vida mundana e pela descoberta do amor divino, é um dos momentos mais emocionantes da noite.
Segue-se a evocação da chegada dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho a Portugal, no século XII, a convite de D. Afonso Henriques, num tempo de reconquista e de afirmação da fé cristã. O Mosteiro de Grijó, fundado em 922 e reformado em 1132, foi um dos marcos maiores desta presença, tendo adotado a Regra de Santo Agostinho e desempenhado um papel crucial na educação, espiritualidade e assistência aos mais necessitados.
A recriação culmina com a evocação da Batalha de Grijó, travada a 10 e 11 de maio de 1809, onde tropas portuguesas e britânicas enfrentaram as forças napoleónicas. Esta vitória estratégica permitiu ao general Wellesley (futuro Duque de Wellington) avançar sobre o Porto, abrindo caminho para a histórica travessia do Douro.
A entrada é gratuita e a organização é da Paróquia de São Salvador de Grijó, com apoio da Câmara Municipal de Gaia e a colaboração de voluntários das associações locais. A recriação histórica está a cargo da companhia Décadas de Sonho.
Túmulo monumento nacional e exposição Patente no Mosteiro
Para além das recriações históricas, o Mosteiro de Grijó oferece outros motivos de visita. No seu interior encontra-se o segundo túmulo jacente mais antigo do país, classificado como Monumento Nacional desde 1910. Trata-se do túmulo de D. Rodrigo Sanches, filho ilegítimo de D. Sancho I e neto bastardo de D. Afonso Henriques. É considerada uma das joias da escultura tumular portuguesa, representando a transição entre os estilos românico e gótico. Pode ser visitada no final do espetáculo ou, durante a semana, entre as 14.30 e as 18 horas.
Em paralelo, está patente a 14.ª exposição no âmbito da Spes (Esperança), integrada no Ano Jubilar. A mostra reúne 64 obras de arte, incluindo pintura, escultura e fotografia, e está acessível ao público no mesmo horário.