Novo centro de formação ampliou a área onde os bombeiros exercitam as várias especialidades.
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Com o espaço em boas condições, não foi preciso muito esforço para adaptar a antiga escola primária Ribeiro de Sousa, na Constituição, às necessidades dos Bombeiros Sapadores do Porto, que no início de maio passaram a treinar ali as operações das várias especialidades, numa área quatro vezes maior do que aquela de que dispunham para exercícios.
Contígua ao quartel e construída "nos anos 70" em terrenos que lhe pertenceram, a escola "passou para uso do regimento 50 anos depois", evoca o chefe Vítor Caldas, enquanto observa os operacionais que, no antigo recreio, exercitam manobras de desencarceramento num acidente envolvendo uma colisão entre dois carros, com um deles capotado lateralmente, numa simulação que se "aproxima de um cenário real".
São "técnicas muito exigentes e complexas", observa o tenente-coronel Ricardo Pereira, oficial do Exército que assumiu a função de comandante do Regimento de Sapadores Bombeiros do Porto no início de maio e enaltece a "grande mais-valia" do novo centro de formação e treino, que veio "quadruplicar" a área dedicada a exercícios práticos.
Ligação interna
Os treinos dos 322 operacionais da corporação deixaram, assim, de ser executados na zona da parada do quartel, um espaço mais pequeno e onde os exercícios eram realizados com maior contenção, para não comprometer a atividade operacional ou a passagem de viaturas de socorro.
O comandante do Regimento explica que o novo centro permite, agora, "fazer treino cruzado de algumas especialidades que podem intervir em simultâneo em ocorrências de maior complexidade", realizando em conjunto exercícios de "combate a incêndios envolvendo matérias perigosas, de busca e resgate em estruturas colapsadas com escoramentos, grande ângulo e equipas cinotécnicas e de desencarceramento com combate a incêndios em viaturas".
Além disso, ter o espaço de treino e formação ao lado do quartel e com ligação interna garante ao regimento que os operacionais que se encontrem a treinar estejam sempre disponíveis de forma imediata, caso seja necessário acorrer a alguma emergência. Como aconteceu durante os exercícios que o JN acompanhou, de desencarceramento, de busca e resgate com binómios e de manobras, com os operacionais a montarem mangueiras em poucos segundos.
Trabalho de equipa
Um acidente simulado entre dois carros deixou uma pessoa ferida e presa, e a equipa de desencarceramento corre para o local para fazer a extração da vítima no menor tempo possível e em segurança. Feita a "avaliação do cenário e dos riscos", a equipa observa o ferido e "assinala sinais e sintomas", enquanto "estabiliza a viatura e cria acessos", vai explicando Vítor Caldas. Cada passo é coordenado e um dos operacionais projeta a voz para que todos estejam a par da manobra a efetuar: "Equipa, vamos preparar para a extração. É uma vítima crítica". Enquanto o exercício decorre, um bombeiro faz o papel de "júri", observando atentamente todos os passos da operação para, no final do treino, poderem reunir-se e "ver o que pode ser melhorado" nos procedimentos. Afinal, "o objetivo é que seja um trabalho em equipa", vinca Vítor Caldas, que veste a farda dos Sapadores há 36 anos.
À enorme área do antigo recreio, no exterior, somam-se as 10 salas - o dobro das existentes no quartel - onde outrora se sentavam crianças dos primeiros anos de escolaridade e que são, agora, espaços de formação de adultos, na vertente teórica das várias áreas de intervenção dos Sapadores. Ricardo Pereira adianta que o objetivo é criar, "até ao final do ano, salas temáticas dedicadas a cada uma das áreas" de intervenção da corporação.
Fruto de um protocolo com a Escola Nacional de Bombeiros, o novo centro permite dar formação a elementos de outras corporações de todo o país, nas diferentes especialidades. Mas o Regimento também "tem sido procurado para ministrar formação a escolas, universidades, unidades hospitalares e outras instituições que trabalham com crianças e jovens", detalha o comandante, indicando que "as formações mais procuradas são primeiros socorros e suporte básico de vida, combate a incêndios, segurança contra incêndios em edifícios e gestão de emergência".
