Seguradoras não vão cobrir a maioria dos prejuízos causados pela catástrofe na Madeira
As seguradoras não cobrirão a maior fatia dos prejuízos resultantes do mau tempo na Madeira, uma vez que a taxa de cobertura nos seguros automóveis para danos próprios é baixa, tal como nos seguros multiriscos, ligados às empresas e à habitação.
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Questionada pela agência Lusa sobre a possibilidade das seguradoras cobrirem a maior parte dos prejuízos, fonte oficial das seguradoras do Grupo Caixa Geral de Depósitos (CGD) sublinhou que "no caso dos seguros automóveis, não, porque a taxa de danos próprios com a cobertura de Fenómenos da Natureza é baixa".
No que toca aos seguros multiriscos, a mesma fonte disse que "também a taxa de parque seguro é baixa ou, noutros casos, a matéria segura desajustada ao efetivo património", especificando que "em termos de estradas (pontes e túneis) e obras de arte, normalmente, apenas estas últimas são objecto de seguro".
Os ramos multiriscos (empresas e habitação), perdas de exploração, vida e acidentes pessoais, acidentes de trabalho, automóvel (em especial nos danos próprios), embarcações e responsabilidade civil são os que vão sentir maior impacto com o desastre na Madeira.
"Nesta altura ainda é muito cedo para adiantar um valor em relação aos prejuízos provocados pelo temporal que se abateu na ilha da Madeira. Consideramos que os reais prejuízos desta calamidade nunca serão mensurados na sua total vastidão, já que além dos custos financeiros, de perdas patrimoniais e danos pessoais, haverá que considerar custos económicos associados nomeadamente a quebras de receita e confiança, bem como custos sociais e um eventual reflexo nos custos de bens e serviços", salientou à Lusa Miguel de Pape, director da Marsh.
De acordo com o responsável da multinacional especializada em corretagem de seguros e consultoria de riscos, que actua em mais de 100 países, os custos desta catástrofe poder-se-ão repartir entre danos pessoais, por incapacidade ou morte, danos materiais públicos, danos materiais em empresas e danos materiais para os particulares.
A estes, somam-se a perca de receitas e custos decorrentes de perdas de exploração e de actividade, quer para as empresas, quer para os serviços do Estado, os custos sociais, os custos relacionados com a imagem, e os custos financeiros associados a um potencial agravamento da situação de crédito quer de empresas, quer dos particulares, bem como de eventual aumento do endividamento público.
"Levanta-se uma questão, que é saber se os seguros foram bem contratados, quer ao nível dos capitais seguros, das franquias e de algumas coberturas importantes neste contexto, nomeadamente, o risco de perdas de exploração e as coberturas para alguns fenómenos da natureza", realçou Miguel de Pape.
No comércio, os seguros obrigatórios que são exigidos a um lojista são os acidentes no trabalho, incêndio caso seja proprietário, responsabilidade civil automóvel caso tenha viatura, enquanto que os seguros recomendados passam pela protecção patrimonial multiriscos (incluindo responsabilidade civil, interrupção de actividade e custos de reabertura).
"Os detentores de seguros patrimoniais multiriscos estarão protegidos, pois a cobertura base, normalmente, dá garantia neste caso a inundações", sublinhou à Lusa fonte oficial da Caixa Seguros e Saúde.