A maioria dos cabeças-de-lista às eleições intercalares de domingo na freguesia de Esmoriz, em Ovar, acusam o anterior executivo de inflexibilidade e "sede de poder", prometendo agora mais apoios associativos, maior promoção turística e melhor ligação à Câmara.
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O candidato do BE não esteve disponível para prestar declarações à Lusa, mas os representantes do PSD, PS, CDS e CDU poucos méritos reconhecem à anterior presidente da Junta, Rosário Relva, que, depois dos conflitos e renúncias que conduziram à dissolução da Assembleia local, volta a concorrer ao cargo - já não como socialista, mas como independente.
A socióloga, de 38 anos, garante, contudo, que tem obra feita em dois anos e meio: "O pagamento de 150.000 euros de dívidas a fornecedores, a atribuição de 150.000 euros para coletividades e 71.000 para construção da piscina dos Bombeiros, a requalificação da Estátua de Homenagem ao Tanoeiro, a compra de uma máquina para trabalhos exteriores e a aquisição de 160 cadeiras para o auditório da Junta".
Miranda Gomes, o bancário aposentado que agora merece a confiança dos socialistas, tem duas perspetivas quanto ao último executivo: por um lado, lamenta-lhe "a falta de liderança e de diálogo para conseguir o consenso", e, por outro, reconhece-lhe "experiência, conhecimento do terreno e grande capacidade de trabalho, sabendo fazer as coisas sem grande perda de tempo".
Já António Bebiano, o arquiteto de 41 anos que concorre pelo PSD (agora sem coligação com o CDS), aponta como único mérito dos últimos eleitos precisamente a sua "falta de iniciativa", porque isso "fez com que alguns erros de juntas anteriores não tivessem continuidade, como a política não ponderada de atribuição de subsídios".
As outras críticas do social-democrata prendem-se com "o abandono completo a que o anterior executivo votou a cidade, demitindo-se das competências da Junta, centrando-se na luta interna de poder e comprometendo a capacidade de resposta ao cidadão".
Carlos Alexandre, o fotógrafo de 39 anos que concorre pelo CDS, repudia nos anteriores eleitos "a falta de respeito para com os esmorizenses, a intriga pessoal e a sede de poder", que diz ter inviabilizado o trabalho em equipa e culminado num processo eleitoral intercalar.
"Muito sinceramente, mérito não vejo nenhum", afirma. "Quando muito, um ponto positivo foi não ter entrado em descontrolo financeiro numa altura de austeridade e de diminuição de receitas - mas mesmo aí há a desorganização total que prejudicou Esmoriz em cerca de 70.000 euros que não foram transferidos pela Câmara por falta de documentos".
Albino Silva, o horticultor e dirigente associativo que lidera a lista da CDU, avalia assim o último mandato: "Com exceção dos meses iniciais, não houve executivo, mas sim um grupo de pessoas desavindas, que, em lugar de se entenderem como deviam, só agravaram as feridas entre elas".
Quanto aos programas eleitorais para nove meses de funções até às próximas autárquicas, Rosário Relva é a que tem propostas mais concretas: "A construção de um parque infantil e para idosos no centro da cidade, e, no edifício da Junta, uma rampa de acesso para cidadãos com mobilidade reduzida, um gabinete de Ação Social e espaços para atividades de lazer para adultos".
Miranda Gomes, do PS, promete "analisar todos os dossiês de gestão da Junta, verificar as contas, arrumar a casa e ouvir os anseios de pessoas, instituições e empresas", para além de "apoiar as coletividades e associações da terra, promover a animação turística da praia e a cultura da cidade, e exigir mais da Câmara [PS] e do seu presidente.".
O social-democrata António Bebiano tem as mesmas pretensões: "Restabelecer a confiança dos cidadãos na Junta, estabelecer uma política de obras realista e com critério, reforçar a posição da cidade no município, e implementar uma relação profícua com a Câmara".
Já para Carlos Alexandre, o mais importante é a "reorganização administrativa dos serviços, proceder à limpeza da cidade de forma eficaz e iniciar projetos de âmbito social e de promoção turística", enquanto Albino Silva anuncia como prioridade "colocar a Junta a trabalhar para os esmorizenses e a defender ativamente os seus interesses perante a Câmara e o Governo, o que não tem acontecido até agora".