Houve quem viajasse de Lisboa até Braga para participar. Edição deste ano lembra vítimas de tráfico humano.
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O presépio vivo de Priscos, em Braga, abriu oficialmente este domingo, com a participação de cerca de 600 pessoas que dão vida a mais de 90 cenários diferentes. Entre os figurantes, muitos já são repetentes, mas há também quem se aventure agora pela primeira vez, como é o caso de Ana Silva e Pedro Castelo.
Atualmente radicado em Lisboa, a terra natal de Pedro, o casal decidiu aproveitar o fim de semana e viajou de propósito para Braga para poder encarnar Maria e José. “Sou natural de Tadim [freguesia vizinha de Priscos] e já conhecia o presépio, já o tinha visitado, embora nunca estivesse cá como figurante”, contou Ana, que lançou o desafio ao marido para que pudessem participar na edição deste ano. “Já tinha ouvido falar muitas vezes desta iniciativa, mas nunca cá tinha estado. Esta foi a primeira vez e logo no papel de figurante”, enalteceu Pedro Castelo.
Uns metros ao lado, numa outra representação, Leonel Vilela é um dos elementos que desde 2006 ajudam a criar o presépio vivo de Priscos. “Participo desde a primeira edição, sou um dos resistentes. Ao longo destes anos, tenho sido sempre figurante e já ajudei a montar dois cenários”, conta ao JN, com orgulho.
Segundo o mentor do projeto, o padre João Torres, o presépio de Priscos tem também o objetivo de “inquietar” e provocar a reflexão das pessoas que o visitam. “Todos os anos escolhemos uma temática e este ano olhámos para o tráfico de seres humanos, que é muito atual”, explicou o sacerdote, que convidou a jovem camaronesa Nadege Ilick, sobrevivente de tráfico humano, para estar presente na inauguração. João Torres considera que “este é um presépio de causas”, o que levou também ao aumento do acampamento militar, onde se lembram os confrontos mundiais, “como um alerta que a guerra não pode ser solução para coisa alguma”. Este mês, o presépio pode ser visitado nos dias 17, 23, 25 e 30. Em janeiro, estará aberto a 1, 6, 7, 13 e 14. A entrada custa cinco euros para adultos e é gratuita para jovens até aos 16 anos.