Prédio em Campanhã, no Porto, que iria ser um hospital privado, transformou-se num local onde residem sem-abrigo. Graffitis e lixo ilustram a atual degradação
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Problema à vista de todos
Inicialmente, o prédio de 13 andares estava programado para ser um hospital privado do Grupo Trofa Saúde. No entanto, a empresa desistiu da ideia e a Predi5 comprou o imóvel com o objetivo de criar um hotel.
A solução esbarrou no PDM, que não permite que a zona da torre sirva esse fim, o que está na base do problema e faz com que todas aquelas toneladas de cimento tenham ficado ao abandono e envoltas em processos judiciais.
Por sua vez, a Câmara Municipal do Porto garante que "não recebeu qualquer queixa sobre a situação referida, nem deu entrada nos serviços municipais nenhum pedido sobre a ocupação do imóvel".
Além disso, reafirma que "o PDM não permite a construção de um hotel" e que a classificação do terreno se mantém, uma vez que "não foi alterada desde 2021".
Já o presidente da Junta de Freguesia de Campanhã, Paulo Ribeiro, admitiu ter conhecimento da situação, mas garante que está "de mãos atadas". A falta de denúncias oficiais impede que os serviços sociais entrem em ação para perceber se há de facto pessoas a viver ali. "Quando soubemos que seria criado um hospital ficámos agradados porque iria trazer movimento à freguesia. Neste caso, em vez de valorizar Campanhã, só desvaloriza", lamentou, em jeito de conclusão, Paulo Ribeiro.
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Ação judicial
O Grupo Trofa Saúde interpôs um procedimento cautelar de arresto contra a promotora imobiliária (a empresa Alexandre Barbosa Borges II - Imobiliária, S.A) e o dono do prédio, a Predi5. O objetivo era obter o "direito à restituição dos bens", celebrado aquando do acordo entre ambos, em 2014.
Propriedade
O JN tentou contactar o dono da Predi5, Domingos Névoa, para perceber a situação atual relativamente à propriedade do imóvel, mas não teve sucesso.