Velhos amigos juntam-se diariamente para um convívio. Uso de máscara é cumprido, mas distâncias de segurança e desinfeção são esquecida.
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O Jardim de Basílio Teles, em Matosinhos, em frente à Câmara, tem sido o lugar de eleição de umas dezenas de idosos para jogarem à sueca, damas e bingo. Apesar de muitos dispensarem o uso de proteção individual, o convívio só não parece estar completamente alheio do contexto atual de pandemias porque a maioria dos elementos usa máscara.
As distâncias de segurança são impossíveis de respeitar dada a elevada concentração de amigos no jardim e a desinfeção das mãos ou dos materiais de jogo são medidas que o grupo não aplica.
"Não somos de estar em casa. Só quando for mesmo proibido é que nós não saomos", atira Manuel Alves, de 81 anos, que frequenta aquele jardim "há mais de 30 anos". "Não temos medo de nada. Então, estamos protegidos", acrescenta.
Com a toalha estendida, trazida de casa, Jaime Monteiro, de 73 anos, lança as cartas e brinca: "A gente desinfeta as mãos nas cartas". O parceiro, Constantino Correia, mostra de imediato o pequeno frasco que traz no bolso com álcool. "Quem não morre da doença morre da cura", afirma. "Nos lares, onde devia haver muita saúde, é onde se têm registado mais surtos", atira outro colega do grupo.
O ponto de encontro é sempre o mesmo, depois das 14 horas, e até há quem vá de Pedras Rubras, na Maia, para não perder as disputas. "Isto é um passatempo para a terceira idade. É a vida de reformados. Toda a gente sabe", confessa Jaime, encolhendo os ombros.
Certo é que, com o prolongar do convívio, a sensação de normalidade regressa. Esquece-se a pandemia, as máscaras descem e o vírus parece já ter desaparecido.
A Câmara de Matosinhos, contactada pelo JN, não esclareceu em tempo útil se tem conhecimento da situação.
Sem máscara
Na Rua do Covelo, no Porto, um abrigo em frente a um café é outro dos locais escolhido por outro grupo para passar a tarde a jogar às cartas. Até porque a tarde de ontem ameaçava chuva.
Lá, reuniram-se cerca de oito amigos, de idade já avançada, também a jogar à sueca. Mas, desta vez, poucos eram os que usavam máscara. A par disso, a mesa, para quatro pessoas, não permitia manter as distâncias de segurança.
O proprietário do café garantiu ao JN que o jogo não estava a ser realizado na sua esplanada.