<p>Cerca de 40 funcionários de uma empresa da Maia estão desde Dezembro sem receber salários e nem sabem se a empresa onde trabalharam, muitos durante 20 anos, ainda existe. O patrão fechou as portas e não assina sequer a declaração para o desemprego.</p>
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A "ZN-Revestimentos de Zinco e Cobre", sediada em Vila Nova da Telha, na Maia, chegou a ser considerada uma das melhores empresas da Europa na sua área. Durante os seus cerca 20 anos de existência, já chegou a ter 60 funcionários. Nos últimos anos, funcionava com perto de 40.
As dificuldades eram muitas, reconhecem alguns dos trabalhadores. Acumularam-se dívidas às Finanças e à Segurança Social e, em 2005, foi accionado o Plano Especial de Recuperação de Empresas, para que se pagassem os valores em atraso em prestações.
Com o agudizar da crise na construção civil em 2008, a situação complicou-se. Mas o então sócio-gerente João Pedro Maia garante que nunca falhou o pagamento de qualquer salário e que a "ZN" era viável. "A empresa estava a passar dificuldades, mas tinha carteira de obras e clientes", sublinha João Pedro Maia. Também ele está, desde Novembro, sem receber salários e, desde 31 de Dezembro, suspenso num processo que visa o despedimento.
João Pedro Maia geriu a "ZN" de Setembro de 2007 até 19 de Novembro passado, altura em que passou a pasta ao seu sócio. "Tínhamos combinado que cada um geria a empresa durante dois anos. Acabara o meu mandato e pensei que ele levasse a firma a bom termo", explica.
Fechaduras mudadas
Mal assumiu a gestão da "ZN", o outro sócio terá mandado efectuar uma auditoria. Alegando que durante esse período nenhum funcionário poderia estar nas instalações, mandou todos para casa de férias. "No dia 30 de Dezembro, pelas 18 horas, quando o pessoal administrativo ia despedir-se do gerente, desejando-lhes boas entradas, ele informou-os que iam de férias", relata Rui Sousa, um dos trabalhadores visados.
A "ZN" estará fechada desde então. "O gerente mudou as fechaduras e levou os computadores. Estamos sem saber nada sobre a situação da empresa", denuncia aquele funcionário que, tal como os seus 40 colegas, está sem receber salários desde Dezembro, incluindo o subsídio de Natal.
Desesperados, os funcionários apresentaram queixa no Ministério do Trabalho, onde foram aconselhados a pedir a cessação do contrato de trabalho. Foi o que fizeram. Mas o gerente da empresa ainda não terá assinado as declaração de rendimentos em atraso e para o desemprego. Por isso, continuam sem saber quando vão receber algum dinheiro. "Os colegas ucranianos já tiveram que ir ao banco alimentar pedir ajuda", denunciam os trabalhadores.
O JN tentou obter esclarecimentos do actual gerente da "ZN" mas não foi possível estabelecer qualquer contacto em tempo útil.