Semana Gastronómica do Capão regressa a Paços de Ferreira em dezembro

No ano em que atinge a maioridade – 18.ª edição – a Semana Gastronómica do Capão à Freamunde vai colocar à mesa de nove restaurantes esta iguaria, que é um ex-libris gastronómico do concelho.

A história do capão à Freamunde e da Feira de Santa Luzia, conhecida como Feira dos Capões e que acontece em Freamunde no dia 13 de dezembro, é secular, mas procura agora modernizar o conceito - respeitando a tradição – e fazer “voar” o capão pelo país fora, levando-o até às mesas dos restaurantes dos seus 64 embaixadores.

“Aliar a tradição à modernidade, com excelência, garantindo inovação e sustentabilidade”, assim como a excelência do produto - com certificação IGP “Identificação Geográfica Protegida” desde 2015 - é o caminho que o Capão à Freamunde pretende trilhar.  

“O que é produzido neste território é devidamente certificado e permite-nos olhar para a realidade do capão, promovendo e defendendo aquilo que é a sua confeção tradicional, e não perderemos esse registo e essa noção de que é fundamental protegermos a tradição, mas associar a inovação”, referiu Humberto Brito, presidente da Câmara Municipal de Paços de Ferreira, certo de que o Showcooking de apresentação do evento protagonizado pelo chef António Loureiro, “vai ajudar a perceber que há outras formas, outros modelos e outras abordagens da confeção do capão, para chegar a outras cozinhas e outros modelos que permitam aumentar esta economia local de muitas famílias que criam o capão”.

Confecionado no forno e acompanhado com batatas assadas e grelos, o capão é habitualmente servido inteiro. Mas durante a semana gastronómica, os nove restaurantes vão ter no menu capão à dose.

A Semana Gastronómica do Capão à Freamunde termina no dia 13 de dezembro, dia em que se realiza em Freamunde, a Feira de Santa Luzia, também conhecida como Feira dos Capões, onde se elege o melhor capão vivo. No dia anterior, durante um Jantar de Gala, é conhecido o melhor capão confecionado.

Capão é “uma âncora”

Luís Pedro Martins, Presidente da Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte de Portugal, foi um dos convidados na conferência de apresentação da Semana Gastronómica do Capão à Freamunde e apontou a gastronomia “como um pilar” do turismo no norte do país. “Felizmente temos motivos de sobra para trazer e ir ao encontro das novas tendências do turismo e que respondem à vontade de quem nos visita. E aqui, a gastronomia é um pilar no turismo, como são também os vinhos”.

O capão assume também um importante papel, funcionando “como uma âncora para podermos ter mais um motivo de atração de turistas”. “E não só para o evento, mas também para o resto do ano, permitindo criar uma dinâmica na restauração”, acrescentou, destacando o papel dos embaixadores, “em despertar nos turistas a vontade de visitar a região”.

Apontando 2023 como um ano “muito bom para o turismo” e com “expectativas muito elevadas” para o próximo ano, Luís Pedro Martins frisou que “é preciso estarmos sempre a criar novas razões, novos argumentos”. E, nesse sentido, a futura estratégica do Porto e Norte é "começar a não ter vergonha de dizer que a origem e, o original de Portugal, está no Porto e Norte, em muitas coisas, entre as quais na gastronomia, concluiu.

Segredo é “amor e carinho pela causa”

António Santos é o dono do restaurante São Domingos, em Paços de Ferreira, e foi quem ganhou – pela primeira vez – o prémio de Melhor Capão confecionado o ano passado.

Ao JN, confessou que o segredo do capão é o “amor e o carinho pela causa”. “O capão é nosso e defendemos isso”, referiu, explicando ainda a importância da confeção do capão, que vai ao forno cerca de quatro horas e exige “muita paciência”, assim como da qualidade dos produtos usados.

No São Domingos, os capões servidos à mesa – a comensais que chegam de todo o país – são “todos do concelho e sempre com certificação atribuída”, garantiu António Santos.