No dia em que se soube que as duas freguesias do concelho de Guimarães fazem parte do lote das que vão voltar a ter autonomia administrativa, nas ruas das duas localidades, a indiferença e o desconhecimento relativamente ao processo são a prova de que, neste caso, a união não criou animosidades.
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A desagregação foi um compromisso eleitoral do presidente eleito pela primeira vez em 2021, Flávio Freitas (PS), que quis manter a promessa, apesar de não haver um grande clamor nesse sentido.
No café Conde, um dos mais antigos do concelho de Guimarães, com mais de 60 anos, a proprietária, Emília Magalhães, garante que para a grande maioria dos clientes a separação das duas freguesias “não é assunto”. “Para as pessoas de Conde é mesmo indiferente e para a maioria das Gandarela também. Pode haver um ou outro que diz qualquer coisa, mas, na verdade, ninguém liga”, afirma.
Eduardo Ferreira, coordenador do grupo de bombos Akitokas Gandarela, porém, faz parte do lote dos que estão contentes com a separação das freguesias. “Vamos deixar de estar ligados a uma freguesia que é maior do que a nossa e vamos aparecer só como Gandarela”, refere. No grupo de bombos, há tocadores de fora da freguesia, de Moreira de Cónegos, por exemplo, mas nenhum de Conde. Eduardo Ferreira não teme passar a ser representado por uma autarquia mais pequena e que pode ter menos força e meios. “Terá menor dimensão, mas também será mais próxima”, sublinha.
Com 1200 eleitores, Conde, além de ter a escola básica e o jardim de infância que servem as duas comunidades, passou, desde a união administrativa de 2013, a ser também a sede da União de Freguesias. É no edifício da União de Freguesias que fica o multibanco que serve as duas populações. A continuidade urbana entre as duas localidades e o facto de Flávio Freitas, atual presidente da União de Freguesias, eleito com 77% dos votos, ser natural de Gandarela (a terra mais pequena), terão contribuído para a paz social no seio desta União de Freguesias.
“Ele é de lá, mas as coisas aqui tem avançado, não nos podemos queixar. Se ficamos juntos ou separados não interessa, o que importa é que se faça o que é preciso”, diz Emanuel Pereira da Silva, de 89 anos, morador em Conde desde 1960. Joaquim Monteiro, de 63 anos, 31 como morador em Conde, tem uma opinião contrária à maioria: “Acho que estamos melhor separados. A atenção do Executivo da Junta é menor quando tem de se dividir por duas freguesias”, assinala.
Promessa eleitoral de separação
Flávio Freitas reconhece que, pela auscultação que fez, as duas freguesias até poderiam estar juntas. Contudo, a desagregação foi uma promessa eleitoral e “os compromissos são para cumprir”. Para o autarca, da mesma forma que as duas freguesias não se ressentiram da agregação, também não vão ter dificuldades com o processo contrário.