Serenata Monumental da Queima das Fitas de Coimbra foi cancelada mas vai acontecer à revelia
Entidades competentes deram parecer negativo à realização do evento na Sé Velha, organização cancelou-o, mas a Secção de Fado convocou uma "manifestação legal" na antiga igreja para fazer cumprir a tradição.
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A Serenata Monumental, que estava agendada para amanhã à noite e é um dos pontos altos da Queima das Fitas de Coimbra, foi esta quarta-feira cancelada.
O anúncio foi feito pela Comissão Organizadora da Queima das Fitas (COQF) e em causa está o facto de as autoridades competentes não terem dado parecer positivo à realização da serenata na Sé Velha - local onde é tradição ter lugar -, alegando fatores de segurança. Por seu turno, a Secção de Fado da Associação Académica recusou-se a atuar na Sé Nova - o que, segundo a comissão organizadora do evento, era "a única solução possível" - e convocou uma "manifestação legal" na Sé Velha, onde vai atuar em jeito de serenata.
No início do mês, a COQF tinha explicado publicamente que apresentara "às entidades competentes um plano de prevenção e segurança detalhado, com vista à realização da Serenata Monumental mais segura de sempre", na escadaria da Sé Velha, como é tradição. Contudo, anunciou também que "o parecer emitido pelas entidades de segurança foi negativo, tendo sido ressalvadas várias condicionantes alarmantes no que respeita à segurança de moradores, participantes e estudantes, que, atendendo à limitação do local, ficariam de fora do espaço da realização do evento".
Já na altura, a organização tinha adiantado que, caso os pareceres das entidades não se revertessem, estava a trabalhar na alternativa de realizar o evento no largo da Sé Nova. A COQF havia, também, feito um alerta: "se os grupos académicos que compõem a Secção de Fado da Associação Académica de Coimbra não reverterem a sua posição de não atuarem na Serenata Monumental, caso esta não se realize na Sé Velha, a comissão organizadora ver-se-á forçada a cancelar a serenata".
A ameaça concretizou-se esta quarta-feira, véspera da realização do evento. Para o cancelamento, a COQF sublinhou que se esgotaram "todos os prazos para garantir todas as condições de segurança e logísticas exigidas pelas autoridades competentes". Ou seja, que foi impossível cumprir, atempadamente, com as exigências necessárias a um parecer positivo, de modo a que a serenata se pudesse realizar na Sé Velha.
"Vontade da cidade e da academia"
A Secção de Fado, por seu turno, manteve a posição de não atuar na Sé Nova, que era, de acordo com a organização, "a única solução possível". Mas hoje fez saber que convocou uma "manifestação legal" na Sé Velha, alegando que "não vai deixar os estudantes sem a Serenata". "Convidamos todos a, de forma ordeira, serena e em silêncio como manda a tradição, se juntarem a nós na noite de 23 para 24. Para que juntos possamos envergar capa e batina e mostrar a vontade da academia e da cidade", apelou, na sua página de Facebook.
A COQF demarcou-se da iniciativa, garantindo que "não irá promover nenhum evento que não cumpra todos os requisitos exigidos pelas autoridades de segurança, nem organizará um evento sem as respetivas licenças e autorizações a que está, por lei, obrigada". E diz que vai continuar a trabalhar "para devolver a serenata ao seu sítio tradicional", em próximas edições.