Quando a montanha se veste de branco o objetivo é chegar ao ponto mais alto, a Torre. E se durante a semana é algo fácil, ao fim de semana o trajeto torna-se caótico, tal como confirmou o JN no último domingo.
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Mónica Ribeiro e Ricardo Coelho chegaram cedo, apesar de terem vindo da Maia, para mostrar a neve à filha Alice. Vieram com os amigos Patrícia e Rui Pinto. Subiram à Torre, mas devido ao nevoeiro e ao vento, optaram por ir descendo, em direção à Covilhã, parando nos recantos onde a neve permitia brincadeiras. "A ideia foi vir cedo, sobretudo para a Alice ver a neve, pois há uma semana que pedia para vir", conta Mónica.
Um pouco mais acima fica o Covão do Boi, onde está esculpida no granito a majestosa imagem de Nossa Senhora da Boa Estrela, que protege os pastores do alto dos seus sete metros. Foi a virgem que atraiu um grupo de espanhóis de Valladolid. Miguel, Rafa, Belén e Iolanda viram a publicidade de uma excursão a esta zona e não hesitaram. "Achamos desde logo uma região muito bonita. Já estivemos nos passadiços do Mondego, percorremos todo o circuito (12 quilómetros) e adoramos. Hoje viemos à serra", contam, referindo que a viagem ia continuar pela Torre, Sabugueiro e Covilhã antes de voltarem a Espanha.
neve é complemento
Pior sorte tiveram Juliana Marques e Iracema Santos, brasileiras, que chegaram à Torre numa excursão, mas tiveram dificuldade em ultrapassar a fila para a casa de banho e depois enfrentar o vento e descer a pé à procura de um restaurante, que tinham esperança de encontrar na Estância de Ski. Iracema vive em Lisboa há alguns anos, mas Juliana tinha chegado na véspera do Brasil. "Está muito frio, mas é bem bonito", afirma, reiterando que "a dificuldade é o acesso à comida. Na Torre há algumas coisas, mas precisamos de encontrar um restaurante. A fila na casa de banho também é muito grande".
Aproveitando as férias escolares de semestre das filhas (de 4, 7 e 9 anos), Miguel Cachão trocou Oeiras pela calma da região. O objetivo foi familiarizar as filhas desde cedo com o país real que existe para lá do frenesim da grande cidade. "Viemos acima de tudo pela curiosidade de mostrar a neve às miúdas", revela, mas incluiu no trajeto Sortelha e Monsanto. "Valorizo o facto de haver programas direcionados para crianças, mas acho que nada é comparável a deixá-las explorar o terreno "em bruto", descobrir por elas, as histórias, as curiosidades". Estas saídas "têm também uma componente histórica e cívica, sendo por isso uma experiência a repetir".
Para a família, Miguel Cachão escolhe "destinos menos habituais, para que elas conheçam o país nas suas diferentes vertentes". Quanto à serra da Estrela, também afirma que "não é um destino de neve". " Há muito mais a ganhar se a aposta passar por envolver na sua promoção as aldeias, os geossítios, as praias fluviais, por exemplo. A neve pode ser apenas um complemento".