Empreitada na capela-mor, dentro e fora, dura até ao fim do ano. Razões de segurança ditaram parecer da Direção Regional de Cultura do Norte.
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Quem passa nas imediações da catedral do Porto, na Sé, não pode ignorar que algo se passa. Há andaimes e trabalhos no exterior. Durante os próximos sete meses, a capela-mor vai ser intervencionada, dentro e fora. Não há memória de uma obra deste tipo. Talvez se equipare a algo levado a cabo nos anos 1960, mas os responsáveis acreditam que a igreja mãe da diocese portuense vai reluzir mais do que nunca.
No final do ano surgirá de cara lavada. Um dos objetivos é corrigir as deformações da abóbada. O edifício pertence ao Estado e a recomendação da Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN), por razões de segurança, já tem algum tempo. A culpa do atraso prende-se com a pandemia, mas o cabido portucalense, que gere a catedral e é o dono da obra, entendeu ter chegado o momento para arrancar. As estações da primavera e do verão, em matéria climática, propiciam que o projeto vá avante, e o financiamento está garantido com fundo próprios. "A empreitada foi adjudicada e começará em breve, durante o mês de maio", adianta o cónego e presidente do cabido, Jorge Cunha.
Talha dourada e pinturas
A intervenção é abrangente. A Universidade do Minho fez um levantamento das necessidades e no caso da abóbada detetou umas "ondas", a maior das quais de "15 centímetros". A "injeção de resinas especiais vai corrigir as fendas", explica o engenheiro Jorge Pereira, responsável pela fiscalização e segurança.
O retábulo, com talha dourada e pinturas, também será restaurado. E porque a igreja não vai cessar a sua atividade, o altar avançará uns metros, tendo como pano de fundo uma tela gigante de "20 metros de altura e oito metros de largura", que funcionará como uma réplica do verdadeiro retábulo, um pouco atrás , mas a ser reparado. Gradeamentos e janelões estão englobados nas melhorias internas.
Mais visível, logo à face da estrada, será o resultado da execução no exterior, beneficiando as paredes em pedra e a cobertura. "As fissuras serão corrigidas através do método de injeção e também estão previstas ancoragens mecânicas", diz Jorge Pereira. Acabarão os "jardins suspensos", ou seja, a vegetação que foi crescendo ao longo dos anos, e a cobertura da capela ganhará "novas telhas e uma nova ventilação". A juntar à vertente estética, todos os procedimentos vão conferir maior segurança à estrutura. "Era uma necessidade. Não podíamos adiar mais e incorrer numa situação de perigo. A DRCN deu o parecer e tornou-se inadiável. Cada geração deixa a sua marca", observa o cónego Jorge Cunha, anotando tratar-se de um edifício carregado de história, datado do século XII.
Custo
1 milhão de euros é a fatura das melhorias na capela-mor. A despesa fica por conta do cabido. Com a receita oriunda das visitas, a catedral é autossustentável.