De Lisboa a Albufeira e de Barrancos a Beja, passando por Mina de São Domingos, 1300 cantadores, homens e mulheres, de 70 grupos, celebraram, este sábado, na Ovibeja, o 10.º aniversário do reconhecimento do cante alentejano como Património Imaterial Cultural da UNESCO.
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Foi a 27 de novembro de 2014 que foi atribuído esse galardão ao cante polifónico do Alentejo e até essa data deste ano vão decorrer diversas iniciativas.
Da chamada “Cintura Industrial de Lisboa”, como os alentejanos sempre definiram a zona laboral da capital, chegou o “Comboio do Cante” com 30 grupos a bordo com 600 cantadores que até chegar a Beja trautearam muitas das modas do cancioneiro alentejano. Da região, em particular do distrito de Beja, marcaram presença 40 grupos que incluíam 700 cantadores.
Depois de desfilarem a cantar pela principal rua da Ovibeja, os grupos concentraram-se no Pavilhão Multiusos, onde, utilizando o som de Ana Moura, entoaram cinco modas do cancioneiro tradicional, tendo a tema “Alentejo, Alentejo”, levado ao rubro os cantadores e milhares de espectadores.
Apoiado no seu cajado, António Vieira, de 79 anos, natural de Brinches e morador em Carnaxide, Lisboa, mostrava-se feliz por ver tantos cantadores juntos: isto é muito bonito, dá-nos mais alma e vida para regressar à terra de onde saí há 66 anos”, disse ao JN o cantador do Grupo Coral da Freguesia da Ajuda, que acrescentou que “o nosso cante é um património imperdível", concluiu.
Lélia Sousa, de 68 anos, natural de Panóias (Ourique), cante no Grupo Coral 1º de Maio, da Quinta do Anjo, Palmela, terra para onde foi logo que nasceu, mas “podem tirar as pessoas do Alentejo, mas não tiram o Alentejo das pessoas. Esta é uma iniciativa que nos faz sentir ainda mais a nossa terra”, rematou.
Depois de celebrar os 10 anos do Património da UNESCO, os grupos foram percorrendo os vários pavilhões da Ovibeja e por todos os cantos se ouviram entoar as mais diversas modas alentejanas.