Sindicato denuncia atrasos de 50 minutos do héli do INEM de Macedo de Cavaleiros
O SPAC – Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil denunciou esta quinta-feira que “vários doentes”, transportados do Hospital de Bragança para o Porto pelo INEM por via aérea, “tiveram um atraso de aproximadamente 50 minutos".
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Segundo aquele sindicato, o atraso é "causado pela decisão de se colocar em Macedo de Cavaleiros um helicóptero maior, modelo Aw139, na sequência da reestruturação do serviço iniciada a 1 de janeiro”, aparelho que não pode aterra nos heliportos das unidades de saúde transmontanas.
“Vários doentes, transportados do Hospital de Bragança para o Hospital de Vila Real, tiveram um atraso de aproximadamente 40 minutos – atraso também causado pela decisão de se colocar em Macedo de Cavaleiros um helicóptero maior, modelo Aw139”, explica aquele sindicado num comunicado.
O SPAC garante que a mudança do modelo de helicóptero usado pelo INEM não permite que o novo aparelho possa aterrar nos heliportos das unidades de saúde de Bragança e Mirandela. “No seguimento do anúncio do INEM, no final de dezembro, de que a partir de 1 de janeiro o dispositivo de socorro do operado pela Avincis teria apenas dois helicópteros a fazer turnos de 24 horas (H24, em Macedo de Cavaleiros e em Loulé) e dois com turnos apenas de dia (12H, em Viseu e em Évora), fez o balanço da primeira semana de 2024, onde denuncia que o atual dispositivo noturno dos helicópteros do INEM, apelidado também como “suficiente” e “redundante” pelo Ministro da Saúde, apresentou falhas graves logo na sua semana de funcionamento”, avançam os pilotos.
Além destes atrasos, sublinha o sindicato, “que comprometem o sucesso das missões de socorro, que depende muito do objetivo “Golden Hour", que consiste em assegurar uma intervenção hospitalar para doentes em menos de 60 minutos”, com as ausências de helicópteros do INEM, no período noturno em Viseu e Évora, fica cada vez mais claro que o socorro à população esteve comprometido durante a primeira semana de 2024”, explica o SPAC.
O sindicato cita como exemplo “o dia 3 de janeiro: no primeiro dia em que o helicóptero transferido de Évora chegou a Macedo de Cavaleiros, um doente socorrido no distrito de Bragança demorou mais 20 minutos a chegar ao Hospital de Bragança do que seria o tempo normal, dado que o helicóptero, o Aw139 transferido para a base de Macedo de Cavaleiros, teve que ir aterrar no aeródromo local”, acrescenta na mesma nota de imprensa.
Segundo o sindicato, houve ainda problemas no dia 4 de janeiro. “O helicóptero de Macedo de Cavaleiros (24H) ficou retido no Porto essa noite, devido a condições meteorológicas. Pelo novo dispositivo, significa que o país todo apenas ficou com um helicóptero para cobrir todo o país, e que se encontrava em Loulé. Dia 7 de janeiro: o helicóptero de Loulé (24H) esteve inoperativo nessa noite. Mais uma vez, com o novo dispositivo apenas tivemos um helicóptero a cobrir todo o território nacional, e que se encontrava em Macedo de Cavaleiros; Dia 8 de janeiro: o helicóptero de Viseu (12H) saiu para fazer um transporte do Hospital de Bragança para o Hospital de Santo António, no Porto. Normalmente, este transporte seria feito pelo helicóptero de Macedo de Cavaleiros (24H), mas, tendo presente o atraso que o doente iria sofrer devido às restrições operacionais desse helicóptero, foi decidido, para bem do doente, alocar o helicóptero de Viseu a esta emergência”, descrevem os pilotos do SPAC.
O Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda deu entrada de uma pergunta ao Governo, sobre o helicóptero de Macedo de Cavaleiro não aterrar nos Hospitais de Bragança e Mirandela, referindo que “entende que esta decisão técnica de alteração do modelo de helicóptero é errada, e que apenas vem acentuar negativamente o serviço de emergência médica na região”.
Segundo esta força partidária “esta alteração está a prejudicar a população e exigimos a reversão desta medida”. A deputada bloquista, Isabel Pires, quer saber as razões para a alteração do tipo de helicóptero e como justifica o governo o helicóptero situado em Macedo de Cavaleiros não poder aterrar nos hospitais de Bragança, Mirandela e no heliporto de Massarelos.
O Jornal de Notícias procurou ouvir o INEM, mas até ao momento não obteve resposta ao email enviado.