Os trabalhadores da Santa Casa da Misericórdia da Povoa de Varzim estão em greve até quarta-feira. Queixam-se da falta de qualidade da comida, dos baixos salários e da falta de pessoal. Explicam ainda que continuam sem receber as horas espelho que trabalharam durante a pandemia e parte dos retroativos de 2023.
Corpo do artigo
“O prato de almoço e jantar que é servido aos utentes e trabalhadores não passa de comida sem qualquer tipo de regras alimentares, muitas vezes em condições duvidosas, que provocam diarreias e mau-estar a quem o ingere. Muitas vezes, é deixado para os trabalhadores da noite apenas um pão e duas peças de fruta como refeição principal”, afirma o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços (CESP), que denuncia também a “inexistência de quadros mínimos para o número de utentes” da instituição.
“Os salários pagos aos trabalhadores com anos de casa são valores próximos do salário mínimo nacional, isto quando a comparticipação do estado aumentou para este sector”, diz ainda o CESP, explicando que, há anos, que não são atualizadas as carreiras profissionais tendo em conta a antiguidade, tal como está previsto no Contrato Coletivo de Trabalho.
Com parte dos retroativos de 2023 por pagar e sem ver nem um cêntimo das horas espelho feitas durante a pandemia, os trabalhadores decidiram partir para a greve. Estão parados desde ontem e até amanhã, duas horas por turno.
O CESP fala num “atropelo dos direitos dos trabalhadores” e exige “respeito”. Garante ainda que vai denunciar o caso à Segurança Social e à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), já que a Santa Casa recebe “dinheiros públicos” e não está, dizem, a canalizar as verbas para “assegurar as condições mínimas dos utentes/idosos”.
A instituição tem três lares, unidade de cuidados continuados, centro de dia e apoio domiciliário e cuida diariamente de cerca de 300 idosos.
O JN tentou ouvir sobre o caso o provedor da Santa Casa, mas sem sucesso.