Freguesia de São Teotónio, no concelho de Odemira, viu população aumentar 57,3% em dez anos devido aos imigrantes que trabalham nas estufas. Protesto quer alertar Governo sobre situações ilegais que a nova lei criou e contestar deportações.
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Sob o lema “Somos gente como tu. Trabalhamos e ajudamos este País”, realiza-se a partir das 17 horas desta sexta-feira, no Largo do Quintalão, em São Teotónio, uma ação de protesto e de luta coordenada pela Associação Solidariedade Imigrante (SOLIM), que pretende agregar trabalhadores de todas as nacionalidades.
“Trata-se de uma grande concentração para chamar a atenção do Governo para diversas situações ilegais que a nova lei criou, além de protestar contra eventuais situações de deportação de imigrantes”, explicou ao JN Alberto Matos, dirigente nacional e responsável da Delegação do Alentejo da SOLIM.
“Há inúmeras pessoas que são obrigadas a estar em situação ilegal face a uma lei que fechou as portas à legalização, deixou reagrupamento de familiares pendentes e muitos não conseguem renovar a autorização de residência”, apontou, acrescentando que ainda assim continuam a chegar novos trabalhadores ilegais todos os dias.
Para Alberto Matos, “o Governo vai adiando a resolução do problema. Vai fazendo sucessivas renovações, mas que os impede de visitar as suas famílias”. O mesmo Governo que “fecha as portas para a imigração legal, abre as portas às máfias que exploram os ilegais”, criticou.
Sobre o anúncio de que já foram notificados mais de quatro mil imigrantes ilegais para deixarem Portugal, o líder da SOLIM sustenta que são “ameaças com fins eleitorais, mas que se devem levar a sério”, uma vez que, defende, o Executivo de Luís Montenegro está “a cumprir a agenda da extrema-direita, em que o Chega faz do Governo o seu instrumento”.
Dez mil novos emigrantes desde março
A freguesia de São Teotónio, no concelho de Odemira, com a agregação da Zambujeira do Mar, em 2013, passou a ter no seu espaço geográfico grande parte das estufas do concelho. Entre 2011 e 2021, São Teotónio teve um aumento de população de 57,3%, estando registados naquele último ano 8899 habitantes legais.
Diariamente chegam novos trabalhadores oriundos dos países indostânicos, a maioria ilegais e que com as novas regras impostas pelo Governo não conseguem cumprir os requisitos para trabalhar, acabando nas mãos das máfias que os exploram.
Segundo os dados revelados ao JN por Alberto Matos, existem no concelho de Odemira mais de 15 mil imigrantes legalizados, e, desde março - época alta do trabalho nas estufas - já se juntaram mais de 10 mil novos imigrantes, tudo trabalhadores sazonais, a esmagadora maioria em situação ilegal.