Sondagem: Moedas à frente, mas com empate técnico. Chega atrás da CDU
Texto de Delfim Machado e gráficos de Inês Moura Pinto
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A coligação liderada por Carlos Moedas parte como favorita à vitória nas eleições autárquicas do dia 12 para a Câmara Municipal de Lisboa, segundo a sondagem da Pitagórica para o JN/TSF e TVI/CNN Portugal. O atual presidente da Câmara consegue 38,7% dos votos, mas ainda pode ser alcançado pela coligação liderada por Alexandra Leitão, que surge com 35,7% e em empate técnico. Mais abaixo, a CDU surge à frente do Chega por pouco.
Prevê-se uma luta renhida entre Carlos Moedas e Alexandra Leitão, de acordo com a sondagem da Pitagórica, que dá a coligação "Por ti Lisboa" (PSD/CDS/IL), de Carlos Moedas, com 38,7% das intenções de voto. Ali perto está a coligação "Viver Lisboa" (PS/Livre/BE/PAN), com 35,7%. A diferença é de três pontos percentuais (p.p.), mas continua a verificar-se um empate técnico porque o intervalo superior da coligação de Alexandra Leitão fica 4,7 p.p. acima do intervalo inferior de Carlos Moedas.
Em terceiro lugar surge João Ferreira, da CDU, com 11,7%, seguido por Bruno Mascarenhas, do Chega, com 9,6%. Neste caso também há um empate técnico e a diferença é ainda menor (2,1 p.p.). Com menos de 1% estão Adelaide Ferreira (ADN), Ossanda Líber (ND), José Almeida (Volt) e Luís Mendes (RIR). Estes resultados já incluem a distribuição dos 14,9% de indecisos.
A sondagem deixa poucas dúvidas sobre que hipóteses de formar maioria terá o vencedor na capital do país. Se for Carlos Moedas, a maioria só é alcançável com o apoio do Chega, sendo que a alternativa é governar em minoria, como acontece atualmente.
Se Alexandra Leitão vencer, precisará sempre de João Ferreira para conseguir ter maioria, pois a alternativa também é governar em minoria. A escolha caberá ao presidente da Câmara, uma vez que em autárquicas quem preside é a coligação vencedora, não havendo possibilidade do segundo partido mais votado liderar uma "geringonça".
Ricos com PSD, pobres com PS
Sem a distribuição de indecisos, e comparando em que eleitorados são mais fortes Carlos Moedas e Alexandra Leitão, percebe-se que o social-democrata se destaca entre os homens, nas idades entre os 35 e os 54 anos e na classe alta. Já a socialista tem mais força nos eleitores acima dos 65 anos e nas classes média e baixa.
Se analisarmos a transferência de votos das eleições legislativas para esta sondagem, conclui-se que Carlos Moedas e Alexandra Leitão conseguem segurar dois terços dos eleitores. Quanto ao outro terço dos votos, a coligação "Por ti Lisboa" perde-o sobretudo para os indecisos, ao passo que a candidatura "Viver Lisboa" distribui-o por Carlos Moedas, João Ferreira e indecisos.
No "duelo" entre Chega e CDU, os homens dividem-se e as mulheres votam mais nos comunistas. Os mais novos têm maior propensão para votar na candidatura de Bruno Mascarenhas e os mais velhos em João Ferreira. Por classes sociais, pode surpreender que haja mais votos na CDU do que no Chega entre as classes sociais mais altas, ao passo que os mais pobres tendem a preferir Bruno Mascarenhas.
Na análise da evolução que o município lisboeta teve nos últimos quatro anos, as notícias não são animadoras para Carlos Moedas. Isto porque há 41% de eleitores que consideram que o município piorou ou piorou muito, ao passo que apenas 34% acham que o concelho melhorou ou melhorou muito.
Quem melhor avalia a câmara são os eleitores entre os 25 e os 34 anos, de classes sociais altas, católicos e que já votaram no PSD. As piores avaliações são feitas pelos maiores de 55 anos, da classe média, sem religião e que nas últimas autárquicas votaram no Chega ou na CDU.
Os lisboetas foram ainda desafiados a fazer uma avaliação da governação de Carlos Moedas. O resultado é que passa com nota positiva, mas sem distinção, com uma média de 10,8 valores em 20 possíveis. Um terço dos inquiridos deu nota negativa (entre zero e nove valores), 52% avaliam com 10 a 15 valores e apenas 14% dão nota acima de 15.
Na classificação dos candidatos, Carlos Moedas é, para 41,6% dos inquiridos, o que está mais bem preparado. Neste capítulo está a grande distância de Alexandra Leitão (19,2%), de João Ferreira (16,2%) e de Bruno Mascarenhas (3%). Quase metade dos eleitores (49,8%) acha que vai ser o atual presidente da Câmara a cantar vitória no dia 12, enquanto apenas 21% apostam que será Alexandra Leitão. Se o exercício analisar a taxa de rejeição, Bruno Mascarenhas é o candidato mais afastado para 46,1% dos inquiridos, sendo que Alexandra Leitão ficam em segundo (19,8%), João Ferreira em terceiro (7,2%) e Carlos Moedas em quarto (6,2%).
Os resultados da sondagem da Pitagórica decorrem de inquéritos realizados entre os dias 23 e 28 de setembro, sendo por isso a amostra mais recente para a Câmara de Lisboa até ao momento. Na sondagem do ICS/ISCTE para o Expresso/SIC, divulgada na quarta-feira, os inquéritos foram realizados entre 13 e 23 de setembro. Ambas as sondagens põem Carlos Moedas em empate técnico com Alexandra Leitão, mas a do ICS/ISCTE põe o Chega (16%) muito à frente da CDU (6%).
Ficha Técnica
Sondagem realizada pela Pitagórica para a TVI, CNN Portugal, TSF, JN, Nascer do Sol e ECO com o objetivo de avaliar a opinião dos eleitores recenseados no concelho de Lisboa sobre temas relacionados com o município. O trabalho de campo decorreu entre os dias 23 e 28 de setembro de 2025. A amostra foi recolhida de forma aleatória junto de eleitores recenseados no concelho de Lisboa e foi devidamente estratificada por género, idade e freguesia. Foram realizadas 1243 tentativas de contacto, para alcançarmos 625 entrevistas efetivas, pelo que a taxa de resposta foi de 50,28%. As 625 entrevistas telefónicas recolhidas correspondem a uma margem de erro máxima de +/- 4,00% para um nível de confiança de 95,5%. A distribuição de indecisos é feita de forma proporcional. A direção técnica do estudo é da responsabilidade de Rita Marques da Silva. A ficha técnica completa, bem como todos os resultados, foram depositados junto da ERC - Entidade Reguladora da Comunicação Social que os disponibilizará para consulta online.