Sua alteza El-Rei D. António, “O Chibado”, e a Rainha D. Mafalda, “A Dulcíssima Vilã”, os novos reis do Carnaval de Ovar, são dois filhos da terra. António Rilho e Mafalda Resende não escondem a enorme vontade de transmitir alegria e prometem contagiar todos os que escolherem Ovar para viver a folia destes dias.
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O gosto de António pelo Carnaval vem dos tempos de infância. O antigo encarregado do Serviço de Higiene e Limpeza da Câmara vareira, de 63 anos, tinha apenas oito ou nove anos quando “fugia à mãe” para ir ver o Carnaval e “corria atrás dos carros alegóricos”, numa altura em que o Carnaval era “completamente diferente” e os “carros alegóricos eram das fábricas e das freguesias”. Um par de anos depois, passou a ajudar o irmão a “levar as piadas coletivas”, frases escritas em cartazes que tinham de ser exibidas. Aos 20 anos, ingressou no grupo Vampiro. Esteve lá duas décadas e depois mudou para o Grupo Axu Mal, onde é solista.
“O Carnaval está-me na alma”, garante António, que ficou de coração cheio com o convite da autarquia. “Já vivo o Carnaval há tantos anos, que sonhava um dia ser rei do carnaval de Ovar. Para mim, é o patamar maior do Carnaval de Ovar. É qualquer coisa de espetacular”, confessa ao JN.
A coroação decorreu no passado fim de semana, mas o segredo da sua nomeação foi muito mal guardado. De tal forma, que recebeu o cognome de “O Chibado”.
Convite na praia
Para D. António, escolher a rainha não foi difícil. Aliás, o convite foi endereçado há década e meia, quando se cruzou com Mafalda Resende a vender bolas de Berlim na praia da Furadouro. Perguntou-lhe: “O dia em que eu seja rei do Carnaval, queres ser minha rainha?” E ela “disse prontamente sim”.
D. Mafalda, “A Dulcíssima Vilã”, 34 anos, descende de famílias nobres de doceiros de Ovar, os Vilões, e a alegria do Carnaval fermenta dentro dela desde pequena. O ano passado já apoiou o desfile da Charanguinha, que o pai ajudou a fundar e onde anda a filha. Este ano, planeava desfilar. A ascensão à realeza levou-a adiar os planos, mas promete ser uma rainha “presente” e próxima dos súbditos.
Apesar do título, D. Mafalda garante que não é vilã. Já doçura é coisa que não lhe falta. Nem alegria. “Quero transmitir a alegria que estou a sentir”, tanto a quem mora no seu reino, como a quem ali se desloca.
O Carnaval “mudou com o passar dos anos, mas o sentimento de quem gosta é o mesmo”, garante, por sua vez, o rei, que também faz questão de estar junto da plebe e marcar presença nas atividades sempre que possível. Durante o seu reinado, diversão é uma ordem, “mas com juízo”.