Carruagens do Vouga lotadas após desconfinamento. CP admite mais passeios únicos entre Aveiro e Águeda no fim do ano.
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O comboio histórico do Vouga já transportou, este ano, mais de 2000 pessoas, um "sucesso" que faz a CP perspetivar novas viagens no Natal e não descartar outras novidades no futuro.
De acordo com dados da CP, apesar de nas primeiras viagens de verão a lotação ter andado pela metade, quando as restrições devido à pandemia começaram a ser levantadas, a procura disparou. Entre final de julho e início de setembro, os níveis de ocupação andaram pelos 100%. Por isso, no passado sábado decorreu uma viagem "extra", permitindo a mais 155 pessoas fazerem o percurso entre Aveiro e Águeda em carruagens do início do século XX e elevando para 2020 o total de passageiros deste ano.
As carruagens históricas foram puxadas por uma locomotiva a diesel (a locomotiva a vapor não circula no verão devido ao risco de incêndio) que, apesar de ter capacidade para atingir os 70 quilómetros/hora, não andou a mais de "25, 35 quilómetros/hora", contou António Silva, inspetor de tração da CP.
Foi neste comboio que embarcou Lurdes Almeida, 60 anos, de Casal de Álvaro, uma aldeia de Águeda, que quis "matar saudades" de quando era criança e andava num comboio similar. Já para a espanhola Yolanda Rojo, a viagem foi uma descoberta e surpreendeu pelo bom estado de conservação do material. A viagem incluiu paragens em Macinhata do Vouga, para visitar o Museu Ferroviário, e em Águeda, para ver o Centro Histórico e as ruas cobertas com guarda-chuvas coloridos.
Pedro Ribeiro, da Administração da CP, revela que a intenção é continuar a "dinamizar" o comboio histórico do Vouga, que circula na única linha estreita ainda operacional no país, e espera "no Natal fazer alguns serviços com a composição a vapor".
Próxima paragem: Sernada
O presidente da Câmara de Águeda, Jorge Almeida, acredita que o comboio é um "filão" que pode ajudar a alavancar o turismo e a economia. Nos próximos meses, espera lançar a concurso a ampliação do Museu Ferroviário de Macinhata e gostaria de "estender a viagem até Sernada". Isso permitiria aos visitantes passarem por uma ponte rodoferroviária, verem a locomotiva mudar de direção numa espécie de rotunda que a CP está a intervencionar e conhecerem as oficinas de recuperação de material ferroviário. Alguns edifícios da estação "vão ser recuperados para criar estruturas de apoio a turistas" e dali parte uma "ecopista que aproveita um ramal desativado", acrescenta Almeida.
Pedro Ribeiro não descarta a possibilidade, mas adianta que as alterações dependerão de várias circunstâncias, nomeadamente das "parcerias com operadores turísticos, iniciativas e viabilidade de alguns segmentos".
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7360 pessoas
já andaram no comboio histórico do Vouga desde que começou a circular, em 2017.
Pandemia travou
Em 2020, devido à pandemia, não se realizou a campanha normal de passeios. Atualmente, o comboio circula com lotação reduzida a dois terços para evitar contágios.
Mais material
A composição foi reforçada com mais duas carruagens (uma napolitana e outra datada de 1908), que elevam para cinco o total de carruagens. Os lugares passaram de 144 para 206.