Conhecedores das agruras e da falta de perspectivas da vida no mar, Carlos Fernandes e Silvano Louren-ço recusaram ser pescadores tal como os seus pais e encontraram através do surf e do bodydoard profissões alternativas.
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Em Peniche, ambos são exemplos de jovens que abandonaram a tradição piscatória de várias gerações e optaram por trabalhar em escolas de surf, "surf camps" ou fábricas de produção de roupa e de pranchas.
Novos negócios que estão a surgir face ao crescente número de praticantes destes desportos de ondas e à procura de Peniche, enquanto local propício para aprender e fazer surf ou bodyboard, contrariando assim as taxas de desemprego e a falta de saídas profissionais para os jovens em terra de pescadores.
"Como a pesca e a agricultura deixaram de dar, o que resta em Peniche é o turismo e estas actividades ligadas ao surf começam a atrair turistas e são uma forma de nós fazermos negócio", explica Silvano Lourenço.
Profissional do bodyboard e estudante universitário em gestão hoteleira, este jovem de 27 anos tornou-se empresário, ao abrir na praia do Baleal um "Surf Camp", onde além de ensinar jovens e menos jovens a praticar surf dispõe de condições de alojamento a baixo custo. "É um negócio que está em pleno crescimento e acho que tem futuro", frisou.
"São formas de levar a vida que gostamos ligada ao mar e continuarmos a praticar o nosso desporto", afirma por seu lado Carlos Fernandes, 34 anos, que é desde há um ano proprietário da única fábrica em Portugal e a segunda da Europa de produção de pranchas de bodydoard, modalidade que também pratica.
Enquanto Carlos se apercebeu desde cedo que não gostava de ir trabalhar para o mar, Silvano chegou em criança a sonhar ser pescador para seguir as pisadas do pai, o mesmo que o incitou a não trabalhar no sector, pondo-o em contacto com a "vida muito árdua no mar".
Os motivos são comuns: a fraca rentabilidade de quem é pescador (que depende da quantidade de pescado capturado), os baixos preços da venda do peixe, os perigos do mar e as longas horas passadas longe da família, factores que os afastaram do sector.