Um incêndio deflagrou, na tarde desta segunda-feira, numa das alas dos pavilhões do Parque D. Carlos I, nas Caldas da Rainha.
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A hipótese de “mão humana” estar na origem do incêndio que deflagrou, esta segunda-feira, às 16.40 horas, no terceiro andar do primeiro pavilhão do Parque D. Carlos I, nas Caldas da Rainha, foi avançada ao JN primeiro pelo presidente do município, Vítor Marques, e, já na fase de rescaldo, pelo comandante dos Bombeiros Voluntários, Nélson Cruz. Embora a investigação esteja a cargo da Polícia Judiciária, ambos justificam essa possibilidade com o facto de o edifício estar devoluto e não ter energia elétrica.
Em menos de três horas, os bombeiros das Caldas da Rainha, de Óbidos, de Alcobaça e da Benedita conseguiram apagar as chamas e dar o incêndio como “resolvido”. Para tal terá sido determinante o quartel dos bombeiros das Caldas ficar “a dois minutos” e o empenho de todos os homens envolvidos nas operações, para evitar que as chamas se propagassem ao pavilhão ao lado, adianta Nélson Cruz.
O comandante esclarece que só ardeu o terceiro andar e a cobertura do primeiro dos três pavilhões e garante que “não há risco de ruir”. “A parte estrutural que sustenta o edifício não foi afetada”, assegura ao JN. Um pouco antes das 19.30 horas, os operacionais estavam a fazer a “remoção do material que ardeu, a limpeza do espaço e a terminar o rescaldo, para evitar que saia fumo do local e as pessoas fiquem preocupadas”.
Nélson Cruz revela que, numa fase inicial, os bombeiros atacaram as chamas a partir do interior do edifício, mas como as estruturas são em madeira, o fogo propagou-se à cobertura, pelo que optaram por utilizar autoescadas, para impedir que alastrasse ao pavilhão ao lado. Não há registo de feridos, uma vez que o edifício está devoluto há décadas. Apesar disso, suspeita que, apesar de a autarquia ter isolado os pavilhões, alguém possa ter forçado a entrada e provocado o incêndio.
Vítor Marques avança com essa possibilidade, porque os pavilhões não têm instalações elétricas a funcionar. “Pontualmente, identificamos pessoas lá dentro e algumas a dormir”, revela ao JN. Apesar de “o sótão e o telhado de uma das alas” terem ardido, ressalva que “as chamas não passaram para os pisos inferiores”, graças à pronta intervenção dos bombeiros.
Hotel projetado
Os pavilhões do Parque D. Carlos I foram concessionados pelo Estado ao município por 50 anos. Em 2017, foram por sua vez concessionados pela autarquia ao grupo Visabeira que ali deverá construir um hotel de cinco estrelas, mas a obra ainda não avançou. A recuperação do edificado pela empresa apontava para um investimento de 14,4 milhões de euros.
Um centenário que acolheu várias instituições
Projetados em finais do século XIX pelo arquiteto Rodrigo Berquó para serem um hospital, os pavilhões ficam junto ao Hospital Termal e integram-se no Parque D. Carlos I, um vasto jardim romântico. Berquó queria fazer das Caldas da Rainha uma estância termal europeia, mas não teve sucesso. Durante mais de 100 anos, os pavilhões albergaram um quartel, uma esquadra da Polícia, a Escola Secundária Raul Proença e a Escola Técnica e Empresarial do Oeste. É considerado um dos ex-líbris da cidade.