Dezenas de empresas procuram a cidade. Criados mais de 12 mil empregos. "Mina" é para explorar.
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O fenómeno passará despercebido a muitos, mas o Porto reúne já várias dezenas de empresas de tecnologia que viram na cidade uma oportunidade para desenvolver os seus negócios. Já em 2020, eram mais de 12 mil os trabalhadores afetos a esta área e, atualmente, a Porto Tech Hub tem 34 associadas. Ao longo dos últimos dez anos, a cidade transformou-se num verdadeiro hub tecnológico e a febre da high-tech promete não ficar por aqui. Porquê o Porto? "Pelo talento", respondem todos. Há já vários escritórios espalhados pelo centro da cidade e uma das mais recentes empresas a inaugurar o seu espaço foi a Emergn Porto. Mas o Município quer ir mais longe e "criar centros corporativos". Até porque essas estruturas empresarias são "as minas" do século XXI, considera Ricardo Valente, vereador da Economia. Exemplo de que essa será uma das futuras características do Porto é o projeto que se desenhou para a reconversão do antigo matadouro de Campanhã.
Sentimento de comunidade
Desde a tecnologia "blockchain", passando pela cibersegurança até ao desenvolvimento de software para jogos de casino, todas as empresas encontraram a sua casa na cidade. A da Emergn fica na Rua de Gonçalo Cristóvão. É o único lugar físico no país onde a empresa de serviços digitais está. Escolheram o Porto "pela qualidade do talento e do ecossistema em si", observa a responsável, Margarida Carvalho, acrescentando que, com outras empresas de tecnologia também a trabalhar no Porto, cria-se "um sentido de comunidade diferente".
É a Porto Tech Hub que ajuda à distinção. Luís Silva, presidente da associação, nota que, em 2015, eram três as empresas associadas. Hoje são mais de 30, mas haverá muitas mais. "É extremamente positivo e muito bonito vermos estas empresas, que são competidoras, a trabalhar em cooperação. É algo que, às vezes, em Portugal, é muito difícil. As pessoas não percebem que podem competir e cooperar ao mesmo tempo com base num bem comum", acrescenta Ricardo Valente. "Muita gente duvidava" da possibilidade de fixar empresas no centro da cidade, observa. "Estamos a conseguir fazê-lo. Isto permite também que os jovens que estão na cidade tenham hipótese de perceber que conseguem fazer a sua vida aqui", constata o vereador.
"Atração de talento"
Para Paulo Moura, diretor da Parkside em Portugal (empresa de criação de produtos e plataformas digitais), o critério utilizado não foi diferente. A instalação no centro do Porto, pertíssimo da Trindade, está relacionada com "a atração de talento, de pessoas qualificadas". "Identificamos a Região Norte, principalmente a zona do Porto, como um hub tecnológico, próximo das faculdades", refere ao JN. A equipa está no escritório desde junho e já prevê que será preciso alargar o espaço. "O crescimento que planeamos foi faseado. Se for preciso expandir, temos uma ideia de como o podemos fazer, já apalavrada com o proprietário", revelou Paulo Moura.
Mas nem só de recentes empresas se faz o hub portuense. A Fabamaq nasceu na cidade há 12 anos, "ainda a área tecnológica não era o que é hoje". "O pensamento dos investidores foi olhar para o Porto e perceber o polo, em conjunto com as universidades e o politécnico. O conhecimento estava presente e era um investimento claro: estarmos onde estão os talentos. Na altura fazia todo o sentido e provou-se", observa Tiago Gomes, da Fabamaq. "Começamos com 11 pessoas na Avenida da Boavista. Crescemos e somos 238 trabalhadores. Temos um escritório próprio há três anos, que fica na Rua do Campo Alegre", revela.