"A economia linear imposta pelo nosso modelo económico está esgotada e impõe-se uma nova fórmula de lidar com as transações". A ideia foi vincada na conferência "economia circular nas compras públicas" que decorreu esta quarta-feira no auditório da Igreja de Santa Maria, no Marco de Canaveses, no âmbito do projeto Tâmega e Sousa CIRCULAr.
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O projeto está a ser desenvolvido pela CIM do Tâmega e Sousa e que tem por objetivo estimular as entidades públicas locais para a promoção da economia circular cujo conceito estratégico assenta na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia.
O modelo económico vigente impõe uma produção e um consumo cada vez mais rápido, mas a fórmula tende a entrar em colapso com o escasseamento dos recursos e a causar sucessivos recordes dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. "Em média os materiais na União Europeia são usados uma vez", começou por alertar, Inês Costa, do Ministério do Ambiente, sublinhando que as alterações climáticas não deixam dúvidas de que se impõe uma racionalização de recursos promovendo-se desse modo a descarbonização do planeta.
Os ganhos obtidos pela transição energética para as energias renováveis serão anulados "se continuar esta "trajetória insustentável" imposta pela economia linear que se baseia numa produção e consumo cada vez maiores. Segundo um relatório das Nações Unidades até
2050 está previsto que o consumo anual ´per capita´ de recursos cresça 70%. "Se de hoje para amanhã conseguirmos transformar o sistema energético 100% renovável, mas, por outro lado, continuarmos a ser perdulários noutras vertentes ambientais, como a redução solo arável, a desflorestação, a erosão dos recursos naturais entre outros, temos que pensar que nada adiantará", frisou.
A reciclagem é o último recurso a deitar mão porque o processo só consegue recuperar 20% do material". O objetivo é, pois, substituir o conceito de fim-de-vida da economia linear, por novos fluxos circulares de reutilização, restauração e renovação, num processo integrado em que a economia circular "é vista como um elemento chave para promover a dissociação entre o crescimento económico e o aumento no consumo de recursos, relação até aqui vista como inexorável". E como é que se isso se faz, perguntou-se na plateia, "quando, por exemplo, a Apple, está a processar judicialmente as empresas que fazem reparações de iPhones e a legislação está do lado da gigante americana". A técnica do ministério do ambiente e da transição energética baseou a resposta na finitude dos recursos. "Mais cedo que tarde, eles vão necessitar de materiais que vão deixar de existir".
Armando Mourisco, presidente da CIM defendeu "a inclusão nos currículos escolares de um programa formativo" sobre a economia circular.
Contrariamente ao anunciado o Secretário de Estado do Ambiente não esteve presente.
