Bruno Pereira (PSD/CDS) e o independente António Parada quase se cruzavam na mesma arruada pela defesa do comércio tradicional.
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"O pai do menino que costuma infernizar a vida das galinhas", como o próprio se apresentou à comerciante que zela pelas capoeiras do Mercado de Matosinhos, é o mesmo Bruno Pereira, candidato da coligação PSD/CDS às eleições autárquicas de domingo, que andou nesta manhã de quarta-feira em campanha por um dos maiores templos sociais da cidade. Distribuiu panfletos, abraços e beijinhos e auscultou os problemas que mais afligem o comércio tradicional. Diagnóstico: "O poder político não tem dado apoios e não tem conseguido requalificar urbanisticamente a cidade para proteger o comércio local".
Abordado por outro comerciante do mercado municipal, que lhe observou a feroz concorrência dos hipermercados, Bruno Pereira respondeu de forma algo enigmática. "São como cogumelos. Sabe-se lá porquê, sabe-se lá porquê...", disse o candidato.
"Houve um aumento de superfícies comerciais em Matosinhos, o que até levou o PSD a estar contra mais um [o da Mercadona, em Leça da Palmeira]. Esta proliferação prejudica o comércio local. Custa-me ver, até porque também sou familiar de comerciantes, como as zonas históricas de Leça da Palmeira, de S. Mamede de Infesta, da Senhora da Hora e de Matosinhos, designadamente Brito Capelo, estão a definhar", afirmou o candidato "laranja" à Câmara.
"Erros de estratégia"
Precisamente em Brito Capelo, na artéria que durante décadas foi a mais comercial da cidade, decorreu, à mesma hora, uma arruada de outro candidato, o independente António Parada, com o mesmo propósito de alertar para "o abandono a que estão votados os comerciantes" locais.
"Viemos dar uma palavra de incentivo a estas pessoas que diariamente sofrem com os erros de estratégia de uma Autarquia que não soube acautelar os interesses dos pequenos comerciantes", explicou António Parada.
O cabeça-de-lista do movimento homónimo, "António Parada Sim", salientou que "é urgente criar um plano de dinamização de Brito Capelo, trazendo para o edifício da antiga Câmara serviços de apoio aos munícipes, para se chamar mais pessoas a esta artéria".
"Zonas históricas a definhar"
A solução, para Bruno Pereira, passa também por novas políticas de mobilidade, que são uma das prioridades do programa eleitoral do PSD/CDS. "As zonas históricas estão a definhar porque não é fácil transitar por lá, de automóvel ou em transportes públicos. Não há zonas de estacionamento. A mobilidade, em Matosinhos, é um problema".
"A solução", insiste Bruno Pereira, está no "programa político bastante interativo" do PSD, "que é novo e diferente de todos os standards. É algo novo e fresco. E a questão da mobilidade é uma das principais preocupações. Matosinhos tem um problema estrutural: os principais eixos rodoviários são nacionais, a A28, a A4 e respetivas ligações, a própria Via Norte e a Circunvalação não são municipais. Ou seja, falta a Matosinhos uma estrutura interna municipal que faça fluir o trânsito internamente. Também temos muitos problemas no que toca a transportes públicos".
"O metro - continuou o advogado de 36 anos - resolveu uma grande parte do problema, mas também criou algumas contingências. Defendo há muito tempo a ligação do metro a S. Mamede Infesta, entre o Hospital de S. João e a Senhora de Hora. É uma ligação vital para 60 mil residentes das duas freguesias. Mais as pessoas do Porto, da Maia e não só que podiam usar esta linha, para melhorarmos a circulação no distrito e para se encerrar a linha circular à volta do Porto".
Soluções de "baixo custo"
Bruno Pereira reclama, ainda, "soluções mais simples, pequenos túneis, de 100, 200, 300 metros, a baixo custo, para o afundamento da linha do metro em zonas de conflito rodoviário, como a Avenida da República ou na zona do Hospital Pedro Hispano. "Existe uma dotação orçamental para o metro e acho que não deve ser só para se construir novas linhas, pode ser para reformular pequenas questões e fazer retificações na rede existente, para melhoria das condições de vida das pessoas".
"O que é baixo custo? Não são obras megalómanas. Estamos a falar, daquilo que me apercebi de conversas com técnicos que fizeram o metro, de três milhões, quatro milhões, até dez milhões de euros, para circuitos pequenos, que libertem a circulação. De onde vem o dinheiro? Vêm aí fundos europeus, para a transição ambiental. Não é necessário gastar os milhões da "bazuca" só em novas linhas. Bastam pequenos retoques que podem fazer toda a diferença na vida das pessoas", concluiu o candidato do PSD.
Luísa Salgueiro em "contactos de rua"
A três dias das eleições autárquicas, os candidatos à Câmara Municipal de Matosinhos desdobram-se em "contactos de rua", como as agendas políticas chamam aos encontros, mais ou menos espontâneos, entre os candidatos e a população. Bruno Pereira tem uma dessas arruadas marcada para o final desta tarde de quarta-feira, em Matosinhos Sul.
Até se pode dar o caso de o candidato do PSD/CDS passar mais uma tangente ou até mesmo se cruze com a concorrência, na circunstância, a de Luísa Salgueiro, recandidata à presidência da Câmara, que liderará a arruada do Partido Socialista em Leça da Palmeira (concentração na Praça Guilherme Pinto, 17.30 horas). A comitiva socialista, seguirá, depois, para a Rotunda da Anémona e acabará em contactos de rua junto à praia.