A Baixa de Coimbra transformou-se, este sábado, num jardim. Foi na Festa da Flor e da Planta, que celebra a natureza e a biodiversidade. A iniciativa da Câmara, que contou com 50 expositores, preencheu as ruas com tapetes floridos, plantas, gastronomia tradicional e animação cultural.
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"É uma celebração da flor e da planta, mas também é uma forma de mostrarmos a biodiversidade que ocorre, sobretudo nas zonas envolventes à própria urbe de Coimbra, comunidades mais próximas da terra e da paisagem, onde ainda podemos encontrar muitas flores silvestres", afirma Maria Carlos, diretora do Departamento de Cultura e Turismo da autarquia.
Organizada na véspera do Dia Internacional do Fascínio das Plantas, a festa, com mais de 20 anos, representa também, segundo Maria Carlos, "uma identidade" para a cidade, não sendo só um evento festivo.
Os tapetes floridos, que preencheram as ruas, foram construídos por 17 associações, sobretudo de cariz etnográfico. O Grupo Folclórico Mártir S. Sebastião, de Casas Novas optou, este ano, pelo tema do Fado de Coimbra para enfeitar as escadas da Igreja de Santiago, onde se destacava ainda uma guitarra e um manequim de um estudante. "Cada degrau tem o seu curso", diz Isilda Lopes, aludindo às cores que representam cada faculdade da Universidade de Coimbra.
A decoração levou cerca de cinco horas. "Na quinta-feira começámos a arranjar já as verduras, que não morrem tanto, as flores foram colhidas na sexta-feira e foram colocadas à noite", conta Isilda Lopes.
Montra de produtos
O tapete do Grupo Folclórico de Torre de Bera, de Almalaguês, é alusivo à tradição dos tapetes da zona, tal como eram feitos pelas tecedeiras. "Temos sempre o desenho geométrico para imitar uma passadeira que era o que elas faziam antigamente para por nas casas", conta Helena Cunha.
O trabalho é moroso. "Pensar na ideia demora sempre, porque tem que se idealizar o desenho, depois fazer os moldes, ir apanhar as flores e conjugar as cores", observa Helena Cunha, acrescentando que andaram "uma semana inteira a apanhar flores".
O Grupo Folclórico de Torre de Bera trouxe também para a festa artesanato e flores para vender. "É bonito para a cidade e para nós, como coletividade, também nos ajuda", realça Helena Cunha.
Ivo Gomes trouxe o mel, que está "intimamente relacionado" com as plantas. Sobre a importância da festa, o apicultor aponta a consciencialização das pessoas para o seu produto. "Tem muito trabalho por trás, mas incide a manter as abelhas vivas. Infelizmente, cada vez mais é difícil. Nós vivemos sem mel, mas não vivemos sem abelhas", diz.
O estreante Rancho Folclórico do Centro de Convívio do Carvalho apresentou produtos de cultivo próprio, como o tremoço, a azeitona, as chouriças caseiras e ervas de cheiro. Para Fátima Vitorino, esta festa é uma forma de "preservar as tradições".
Entre os expositores, Jing Xu, turista da Áustria, mostrava-se rendida, sobretudo aos sabores. "Estamos a tentar provar todos os tipos de comida caseira e apreciar todas estas flores lindas. É maravilhoso", dizia ao JN.
Na Praça 8 de maio, Cidália Rodrigues, viveirista, vendia árvores de fruto, que é o seu "forte", e já com alguma procura no início do dia. O evento, reconhece, ajuda a divulgar o trabalho que desenvolvem, mas também na sensibilização das pessoas. "É importante até para aprenderem que as coisas não vêm do supermercado, que nascem nas árvores", atira. Tiago Viegas aproveitou a ocasião para comprar árvores de fruto e esclarecer "algumas dúvidas" com quem sabe.