Investimento de 1,7 milhões de euros permite aos alunos formação profissional ainda mais especializada.
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Um investimento de 1,7 milhões de euros, financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) transportou o Centro Tecnológico Especializado Industrial (CTE) da Escola Secundária de Caldas das Taipas (ESCT), Guimarães, para um nível até aqui só visto em algumas universidades e empresas multinacionais. Além de familiarizar os alunos com tecnologias como o torno CNC (controlo numérico computorizado) de cinco eixos, a máquina de tomografia, o scanner laser ou as impressoras 3D, a escola pretende estabelecer protocolos com a indústria da região para poderem fazer uso destes equipamentos.
Na sala da turma do curso de CAD/CAM (design e fabricação assistido por computador) os alunos estão felizes com as máquinas que têm ao dispor este ano. Os pesados programas correm rápido e os monitores são amplos para que seja possível ver o detalhe de cada peça com facilidade. O professor Lourenço Nuno Mendes só lhes pediu para desenharem um objeto útil para o dia a dia. Cabides, bicicletas, candeeiros e uma variedade de outras coisas foram aparecendo nos ecrãs, com um nível de pormenor surpreendente. “Agora, podemos mandar estas peças para produção no torno CNC e, no final, testar a sua resistência na tomografia”, explica.
“É possível até inverter o processo e, a partir de uma peça existente, digitalizá-la no scanner vetorial a laser, e depois trabalhar o desenho no computador”, esclarece o professor de eletrónica Rui Moreira. Muitas destas tecnologias são demasiado caras para que as pequenas e médias empresas possam adquiri-las, por isso, a escola pretende partilhá-las através de parcerias. “Os consumíveis são dispendiosos e a manutenção também. No caso da máquina de tomografia, são 2000 euros por ano. A lei não nos permite receber contrapartidas financeiras, mas os nossos parceiros podem ajudar-nos neste aspeto”, refere o coordenador do CTE, António Silva.
Parceiros na indústria
A Amtrol, empresa líder mundial no fabrico de botijas de gás, com instalações em Guimarães, é uma das interessadas em colaborar com o CTE. “As soldaduras das botijas têm de ser absolutamente perfeitas e a máquina de tomografia permite analisá-las em profundidade”, esclarece António Silva. “Temos também interesse por parte da Orthos XXI, uma empresa de dispositivos médicos, da Continental, Bosch e da própria Universidade do Minho”, acrescenta. O professor caminha através das salas recentemente equipadas e mostra, com orgulho, alguns dos projetos finais dos alunos.
Como projeto final de curso, João Marques fez uma linha de montagem totalmente automatizada, a lembrar as fábricas de automóveis. Os braços robóticos vão buscar os rolamentos, colocam-nos numa peça com precisão milimétrica, apertam os parafusos e, no final, até os armazenam de forma ordenada. “A tecnologia usada para fazer este trabalho é topo de gama e é o que as empresas que estão em automação de processos procuram”, destaca António Silva.
Os cursos do CTE têm uma taxa de sucesso de 99,8% e os alunos não têm dificuldade em encontrar estágios e empregos. João Marques está a estagiar na Techbase, em Braga. Luís Mendes, CEO da empresa, confirma que “o mercado absorve facilmente técnicos especializados em informática e eletrónica”. O jovem, porém, pretende seguir para o Ensino Superior, “uma tendência que tem vindo a crescer entre os alunos dos cursos profissionais”, diz Carla Abreu, adjunta do diretor da ESCT.