Os veículos do Metrobus devem começar a circular na avenida da Boavista, no Porto, até ao fim deste mês, em testes para avaliar a operação, que será entregue à STCP em julho. O teleférico pode ser opção para ligações a Gaia ou Matosinhos.
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Os corredores alaranjados no centro da avenida da Boavista, no Porto, vão servir, em breve, mais do que as trotinetas, as bicicletas ou os carros estacionados. "No final do mês já vamos poder ver os primeiros ensaios" com viaturas do Metrobus, disse, esta quinta-feira, o presidente da Metro do Porto, Tiago Braga. "Em julho, a obra estará em condições para ser entregue à STCP", para dar início à operação, acrescentou aquele responsável.
O presidente da Metro do Porto falava durante a 26.ª edição do Seminário de Transporte Ferroviário organizado pelo "Transportes & Negócios", num hotel da avenida da Boavista, no Porto, com vistas para o corredor de Metrobus (BRT, Bus Rapid Transport). Uma opção que nunca foi pacífica. "Percebemos que havia aqui um espaço para ser desenvolvido. E que tinha de ser com esta solução, que é rodoviária com um nível de serviço igual ao Metro", justificou Tiago Braga, explicando a opção pelo BRT (acrónimo inglês de Transporte Rápido de Autocarro) em vez do metro ligeiro, elétrico ou até faixa simples de BUS. Desmistificando a ideia de que "aquilo é um autocarro" com as rodas cobertas, disse que só o facto de não ter Agente Único “permite reduzir para metade os tempos de paragem” face ao autocarro.
Tiago Braga sublinhou, ainda, a diferença de "velocidade comercial num canal desobstruído" e dedicado que vai beneficiar ainda "de um sistema de semáforos que dá sempre prioridade" ao Metrobus. "Isso é fundamental para a regularidade e frequência" que caracterizam o metro. "Os passageiros sabem que se perderem um transporte, têm outro um ou dois minutos depois", argumentou.
O presidente da Metro do Porto disse que a operação vai arrancar com uma capacidade "30% acima da procura estimada para as estações", reconhecendo que há "algum sobredimensionamento" inicial que permite encaixar um aumento de procura. O novo serviço ligará a Casa da Música à Praça do Império em 12 minutos, com paragens na Casa da Música, Guerra Junqueiro, Bessa, Pinheiro Manso, Serralves, João de Barros e Império.
Anel BRT entre a Anémona e Brito Capelo
Com o prolongamento da Boavista à rotunda da Anémona já adjudicado, Tiago Braga reconheceu que o passo seguinte é ligar o BRT à estação de metro de Brito Capelo, da linha Azul, em Matosinhos. "Esta é outra vantagem do Metrobus. É facilmente adaptável às circunstâncias existentes, podendo ser feito em corredor próprio no sentido do trânsito", explico Tiago Braga.
A ligação à cidade matosinhense por BRT fecharia assim um anel de ligação entre dois meios de transporte complementares para dentro da mesma rede e enquadra-se na visão de circularidade da Metro do Porto, que quer criar "pontos de elevada mediação" entre meios de transporte em zonas como a Casa da Música, Devesas, Santo Ovídio, Senhora da Hora ou Asprela. Esta última, num dos polos universitários da cidade, ficaria integrada num anel que Tiago Braga visiona a ligar a Linha Rosa, "que não pode ficar pela Casa da Música", a Campanhã. "A CP não gosta de ouvir isto, mas no futuro poderíamos ser nós a fazer operação entre Campanhã e São Bento", fechando assim o círculo, disse o presidente da Metro do Porto.
Teleférico no horizonte para Gaia ou Matosinhos
Defendendo a intermodalidade, Tiago Braga disse que, no futuro, o Metro do Porto poderá deixar o chão. "Temos espaço nas cidades de Porto, de Gaia de Matosinhos para explorar teleféricos", disse. Esta poderá ser uma das novidades do chamado "Metro 3.0", o programa de expansão que vai levar a rede à Trofa, por exemplo, e alargar o serviço em cidades vizinhas como Gondomar, Maia e Vila Nova de Gaia. "A segunda fase da linha rubi faz sentido ser feita em BRT", argumentou, referindo-se à ligação entre as duas margens do Douro com passagem por nova ponte junto da Arrábida.
O BRT está também a ser equacionado para o troço Maia2, com uma extensão de 12 quilómetros, e para levar o metro à Trofa, 30 anos após o fim do comboio. Com uma extensão de cerca de 10 quilómetros, que "até Muro poderá ser em carris, mas daí para a frente fará mais sentido em Metrobus", disse Tiago Braga. "Estas novas unidades não têm todas de ser em metro ligeiro. Temos de pensar em forma de ecossistema", acrescentou o presidente da Metro do Porto.