"Samora já é cidade", ouvia-se ontem, ao bater das 16 horas, na rádio local de Samora Correia.
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Mas naquela freguesia ribatejana a passagem de vila a cidade pouco surpreendeu os seus habitantes, que há vários anos lutam pela elevação a concelho. Na verdade, uma certa apatia invadiu a localidade, mais preocupada agora com os preços que os terrenos agrícolas possam atingir e, até, com - "essa coisa das grandes cidades" - o surgimento de parquímetros.
"Para Samora é simplesmente mais um título. Não nos vai dar nada que já não tenhamos. Mas pronto, sempre é meio caminho para continuarmos a reivindicar pelo concelho. Vamos ver se o custo de vida não aumenta", disse, ao JN, Dora Coutinho, que ontem preparava uma das bancas de comes e bebes junto à zona ribeirinha, para onde estavam agendados os festejos nocturnos pela elevação a cidade.
Com cerca de 16 mil habitantes e sendo uma das maiores freguesias do país [com 322 quilómetros quadrados], Samora Correia não só preenche todos os requisitos para a obtenção do actual estatuto, como ainda acolherá o novo aeroporto de Lisboa. "Mais de 85% da área do Campo de Tiro de Alcochete, destinado ao aeroporto, pertence a Samora. Mas não foi esse projecto que motivou a elevação a cidade. Temos razões não só para o ser, como para nos tornarmos num concelho", frisou Hélio Justino, presidente da junta de freguesia.
Mas há receios que falam mais alto que as lutas antigas na terra conhecida pelas largadas de touros. "Só espero que isso não signifique um aumento dos preços dos terrenos ou que se pague para estacionar na cidade", atirou Manuel Parracho, de 58 anos. "Estamos muito orgulhosos", acrescentou. Ora, ao fim da tarde até a Wikipedia, a enciclopédia livre online, já fazia questão de mostrar esse orgulho: "2009 - Foi elevada a cidade em 12 de Junho".