
A incidência da arterapia faz-se em valências como o autoconhecimento, a autogestão, a consciência social ou a relação interpessoal
Foto: Artur Machado/Arquivo
A União das Mutualidades Portuguesas juntou-se a três municípios transmontanos para dotar 600 jovens de maiores competências emocionais, no sentido de alcançarem um futuro mais risonho, através da arteterapia, prática terapêutica que recorre a utilização de atividades artísticas.
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Trata-se do projeto "(Des)Construir, (Re)Pensar e (Re)Educar pela arte", apresentado esta quarta-feira, em Macedo de Cavaleiros, e que envolve ainda os municípios de Bragança e de Mirandela.
O projeto de arteterapia proposto pela União das Mutualidades Portuguesas (UMP) conta com um financiamento de cerca de 360 mil euros, nos quais estão incluída uma verba de 265 mil euros em fundos europeus e um apoio de 60 mil da Fundação Gulbenkian. “Sabendo que havia um problema na questão da saúde mental junto dos jovens e das crianças, apresentámos este projeto para ser desenvolvido nestes três concelhos”, explicou Luís Alberto Silva, presidente da UMP, salientando que a iniciativa é "inovadora" em Portugal.
O isolamento entre as crianças e os jovens, que se intensificou desde a pandemia de covid-19, foi o principal motivo que levou à implementação deste projeto. “As tecnologias são muito interessantes, mas criaram um problema entre os pais e os filhos. Este isolamento não é nada favorável e criou muitos problemas às crianças, que têm comportamentos preocupantes”, referiu Luís Alberto Silva.
A incidência da arterapia faz-se em valências como o autoconhecimento, a autogestão, a consciência social ou a relação interpessoal, procurando proporcionar tomadas de decisão mais responsáveis. Um trabalho multidisciplinar que Benjamim Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros, vê “como um investimento nas gerações mais jovens", que visa "proporcionar igualdade de oportunidades e ajudar no processo formativo desta faixa etária”. “Ao promovermos uma boa saúde mental, com uma rede de apoio estruturada, estamos a proteger os jovens mais vulneráveis numa etapa difícil da vida”, explicou o autarca.
Acompanhamento dos jovens
A iniciativa propõe-se a desenvolver competências socioemocionais nos jovens e dotar tanto a sua formação como a sua saúde mental de mais investimento. Crianças e jovens serão monitorizados e acompanhados para avaliação de melhorias em termos comportamentais. De entre as atividades previstas contam-se sessões de acolhimento e capacitação para professores e encarregados de educação das escolas indicadas pelo agrupamento e laboratórios colaborativos interdisciplinares.
Depois da intervenção, está previsto fazer-se um acompanhamento do impacto do trabalho desenvolvido, com a auscultação de pais, encarregados de educação e professores. Serão feitas análises comparativas dos resultados académicos no antes e no pós-intervenção e serão, também, medidos os índices comportamentais dos jovens intervencionados.
Na impossibilidade de haver "uma intervenção do projeto a nível nacional, escolheu-se uma região, para trazer as boas práticas que o Movimento Mutualista desenvolve”, explicou Luís Alberto Silva.
A ação será desenvolvida até 2027 nos concelhos de Macedo de Cavaleiros, Bragança e Mirandela, e envolve uma série de instituições, tendo como promotores a União das Mutualidades Portuguesas, a Fundação Calouste Gulbenkian e a Universidade do Porto, em ligação estreita com os municípios citados, a Administração Regional de Saúde do Norte, a Unidade Local de Saúde, o Instituto Politécnico de Bragança, a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens e a Faculdade de Psicologia da Universidade do Porto.
