Câmara da Maia inaugura hoje, domingo, a primeira horta do país destinada ao consumo e à venda de produtos biológicos.
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No rosto do casal Mimosa e Figueiredo transparece o nervoso miudinho de quem está mortinho por deitar as mãos à obra mas ainda não pode fazê-lo. "O nosso talhão é logo o primeiro", evidenciam os dois, com orgulho. Já têm tudo planeado. Cada semente a usar e o que plantar em cada cantinho dos 100 metros quadrados a que tiveram direito. "Vamos plantar morangos, cebolas e todo o tipo de verduras. Enfim, as miudezas", adiantam.
Ao contrário da maior parte dos 41 maiatos que ganharam uma parcela na primeira horta de subsistência do país, que hoje vai ser inaugurada, na Rua da Igreja, na Freguesia de Santa Maria de Avioso, o casal Mimosa e Figueiredo já tem experiência nestas lides. "Temos toda a espécie de árvores de fruto no nosso quintal, desde pessegueiros, a laranjeiras e macieiras. Não tínhamos era espaço para as plantar miudezas", explicam, assim, porque decidiram aderir a um projecto, criado pela Câmara da Maia em parceria com a Lipor e que, segundo o autarca Bragança Fernandes, é "pioneiro no país".
Para aqueles que, ao contrário dos proprietários do Lote 1, não têm qualquer experiência, a Autarquia vai promover cursos de formação e colocar técnicos na Horta do Castêlo da Maia para dar apoio. Tudo será gratuito, desde a água à electricidade usada até às ferramentas. É que, o projecto destina-se a famílias carenciadas do concelho, com um orçamento anual inferior a 20 mil euros.
"A ideia surgiu devido à crise social que enfrentamos. Assim, as pessoas podem cultivar alguma coisa para consumo próprio ou vender a sua produção no mercado da Castêlo da Maia, onde terão bancadas próprias para os seus produtos biológicos", explica, ao JN, Bragança Fernandes.
A Horta do Castêlo da Maia ocupa uma área total de dois hectares. "Era um terreno municipal que estava abandonado. Assim também o reconvertemos", sublinha ainda o autarca. O espaço dispõe de 41 talhões individuais, cada um com 100 metros quadrados.
Direccionada apenas para residentes no concelho da Maia, na horta de subsistência que hoje vai ser inaugurada só se podem plantar produtos biológicos comestíveis. Além disso, quem, em sorteio, ganhou um espaço para cultivo, tem que se comprometer a manter sempre o seu talhão limpo e cultivado. "Não podem abandonar o seu espaço", adianta, assim, Bragança Fernandes algumas normas do protocolo que hoje vai ser assinado entre a Câmara e os 41 novos agricultores amadores.
O novo equipamento situa-se perto da Quinta da Gruta, onde já funciona uma horta biológica, com 66 espaços individuais, que está completamente lotada. "Essa destina-se apenas para consumo particular", ressalva o autarca, adiantando que brevemente será aberta uma loja para venda de produtos biológicos.
"Em termos ambientais, pretendemos que a Maia seja sempre pioneira", vinca o autarca social-democrata, revelando alguma ansiedade por ver no Castêlo da Maia as primeiras verduras a nascer. "É uma ideia fantástica, por isso quando tivermos disponibilidade vamos fazer mais", garante Bragança Fernandes.