António Dinis, 46 anos, contactou o presidente da Câmara do Porto através do Facebook porque vivia preocupado com o facto da casa, situada na freguesia de Ramalde, ainda ter telhado em amianto. Rui Moreira acabou por reencaminhar a mensagem e, entre trocas de emails, o morador viu a habitação que o pai construiu, há mais de 40 anos, ser reabilitada pelo Programa Porto Amigo.
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O Programa Porto Amigo, que existe desde 2009, conta com a participação do Município, da Fundação Manuel António da Mota (do grupo Monta Engil), do GAS Porto e da Associação Just a Change.
"Através da realização de obras de reconstrução e reabilitação, esta iniciativa tem permitido a melhoria das condições de habitabilidade, mobilidade e salubridade em casas de munícipes que se encontrem em situação de comprovada carência económica", referiu o vereador da Educação e Coesão Social, Fernando Paulo, dando conta que este ano "foram já reabilitadas cinco habitações, estando prevista a conclusão de mais quatro até ao final do ano", contando para isso com um orçamento de 60 mil euros.
No caso de António, as obras - que acabaram em julho - envolveram um investimento superior a 11 mil euros.
"Quando aqui chegamos parte da casa ainda estava inacabada, vendo-se os barrotes e as telhas", contou Eduardo Lopes, da associação Just a Change, que na obra foi coordenador das operações. Recordou ainda que a intervenção durou "cerca de um mês e meio e contou com o trabalho voluntário de cerca de 50 pessoas, entre reformados e estudantes das mais diversas áreas, como da Enfermagem, Direito, Gestão e Artes".
Além da substituição do telhado, os trabalhos incluíram o revestimento interior da casa a pladur, a instalação integral de uma casa de banho, de portas e do quadro elétrico, a pintura geral das paredes interiores e tetos e a aplicação de pavimento flutuante no quarto.
António conta que a intervenção serviu também para a casa ganhar "mais um quarto", uma vez que os filhos, de 13 e 17 anos, "eram obrigados a dormir na mesma divisão". "Esta obra foi muito importante", salientou o morador, recordando que a habitação tinha "muitas humidades". "Hoje andamos cá dentro de t-shirt e ainda só tenho um edredão na cama", acrescentou.
A mãe, Filomena, de 69 anos, não conseguiu esconder a emoção: "Estou muito feliz pelo meu filho".
Rui Pedroto, da Fundação Manuel António da Mota, reforçou a importância da parceria, "criada há mais de dez anos", dando conta que o "projeto está consolidado" e a parceria "é para durar enquanto houver uma casa para reabilitar".
"É um bom exemplo de que todos podemos fazer mais e a generosidade de quem aqui vem como voluntário é um exemplo para outros", enalteceu o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira.
Até porque o autarca tem consciência que "há muita carência habitacional e há muitas casas que não têm condições de habitabilidade".
Desde 2009, foram já reabilitadas 47 habitações, representando um investimento total de aproximadamente 200 mil euros.
Fernando Paulo explicou ao JN que "podem aderir ao Programa Porto Amigo pessoas residentes no concelho do Porto, em habitação não municipal, que se encontrem em situação de comprovada carência económica ou que integrem no seu agregado familiar alguém com grau de incapacidade igual ou superior a 60%".
Segundo o autarca, "na sua maioria, os casos são sinalizados pelas juntas de freguesia".