A Facontrofa, detentora da conhecida marca de jeans Cheyenne, entrou em processo de insolvência, deixando no desemprego os cerca de 300 trabalhadores que integravam a rede de lojas (25) e a unidade produtiva, situada no Senhor dos Perdões, em Ribeirão, Vila Nova de Famalicão.
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Com um passivo superior a 19 milhões de euros, a empresa foi declarada insolvente no início do mês passado e todos os funcionários dispensados, tendo começado a receber as cartas de rescisão há uma semana. Destes, havia quem estivesse em lay-off, com o contrato de trabalho suspenso e, ainda, quem laborasse. Todos, porém, com um ponto em comum: salários em atraso.
Os apertos financeiros da firma adensaram-se no final de 2009, quando o cancelamento das encomendas por parte do maior cliente encerrou uma linha de confecção onde laboravam 48 operários. A Administração propôs pagar--lhes apenas 40% dos direitos para irem embora. Não houve acordo e o regime de lay-off iniciou-se em Fevereiro.
Segundo o JN apurou, os 70% do valor de cada salário que a Segurança Social passa a assegurar nessa situação foram entregues à firma, mas não chegariam aos trabalhadores. "Só no fim de Março é que pagou Fevereiro. A partir daí, não entrou mais nada", confirma Conceição Reis, referindo que o lay-off estava previsto até Agosto.
Até Fevereiro, contudo, aqueles funcionários cumpriram horário - das 8 às 17 horas - sem nada terem para fazer. "Ficámos lá parados, a olhar para as paredes. Um dia atrás do outro", lembra Ana Paula Araújo, que deu 21 anos à Facontrofa. Pediu "logo" a suspensão do contrato.
"Não se preocuparam em arranjar outros clientes", condena Conceição, que viu a empresa do Grupo Paulo Serra & Irmãos entregar a produção da marca própria, a Cheyenne, a outras fábricas, ficando dependente de "um cliente que era certinho".
O JN tentou, sem êxito, ouvir os proprietários da firma.