<p>É mais uma. Fica no Vale do Ave, como tantas outras têxteis que foram falindo ou dispensando operários nas últimas duas décadas. Sem dinheiro para pagar dívidas ao fornecedor de gás, a Sequeirotex, em Sequeirô, Santo Tirso, está parada desde meados de Março. </p>
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Os trabalhadores que suspenderam o contrato em Fevereiro não vêem o salário desde Novembro. Os restantes ainda conseguiram o ordenado de Dezembro, mas ficaram sem o do segundo mês deste ano. No total, são 40 almas. Também não receberam o 13º mês, e o subsídio de férias de 2008 ficou-se pela metade - estas datas partilham por igual.
Como o desemprego anunciado, que agora assume contornos reais. "Já fui a várias tinturarias e não arranjo nada. 'Se melhorar', é o que me dizem…". Fernanda, a voz do lamento, tem 36 anos. Trabalhou 20 na Sequeirotex. "Até para trolha já fui pedir. Considero-me novo, mas para trabalhar já torcem o nariz". Manuel tem 44 anos, "uma filha menor e a esposa no fundo de desemprego".
Atribui-se o descalabro da tinturaria, que nunca havia parado por falta de encomendas, a "má gestão", acusam trabalhadores e sindicato. "Tínhamos muitos clientes e muito trabalho", garante Manuel Machado. "Eu dava seis horas extra por dia", conta o operário do segundo turno, explicando que entrava às 6 da matina e saía às 22 horas…
Segundo os funcionários, a empresa, que conheceu nova administração há quatro anos, foi acumulando dívidas. Principalmente, aos fornecedores. Depois, vieram os cortes no gás, e suspensões de energia eléctrica à mistura, sem as quais as máquinas não funcionam. O Sindicato Têxtil do Porto diz que os operários deverão pedir a insolvência da firma para salvaguardarem os créditos,
O JN tentou, sem êxito, ouvir a administração da fábrica.