Avelina Alves do Poço, de Viana do Castelo, faz hoje anos. Mantém memórias de juventude "alegre e muito pândega".
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"Estou como a Sé de Braga, muito velhinha. Tenho muitos anos, mas graças a Deus tenho juizinho e boa vista. Vejo bem sem óculos", diz Avelina Alves do Poço, natural de Afife, Viana do Castelo, que cumpre hoje 105 anos. A idade só lhe tolheu as pernas, já necessita de ajuda para caminhar, e um pouco da audição. De resto, não lhe afetou nem o sorriso feliz que mantém continuamente estampado no rosto, nem a memória.
Mantém bem vivas lembranças de quando era uma jovem "alegre e muito pândega", e a época em que fez teatro de revista no "Casino Afifense" (sala de espetáculos da freguesia). Recita, sem hesitar, quadras daquele tempo: "No meu tempo, os rapazes que andavam enamorados/ Para as verem eram capazes de trepar muros e telhados./ Mas agora os coitadinhos, parecem uns caracóis,/ aninhados pelos caminhos à sombra dos guarda-sóis".
Cantava no palco
Tia Lina ou Lina das Catorras (nome da casa onde nasceu e ainda vive, no Caminho do Agro), como é conhecida em Afife, lembra um espetáculo de revista que se chamava "Olhá fita" e "tinha coros entre cenas". "Eu cantava no palco à frente. As outras cantavam dentro, ninguém as via. Eu era muito alegre em nova, mas tudo vai, tudo acaba", diz.
Mulher do campo e de um homem só, casou com o primeiro namorado, Francisco, já falecido. Dele, recorda: "Não gostava que andasse no palco, porque metia muitos rapazes e ele tinha medo que eu arranjasse outro, mas eu fui e não arranjei. Já tinha de ser ele o meu marido. É o destino. Diz que à sorte ninguém foge. O que tem de ser à mão vem ter".
Teve quatro filhos: Lurdes, José Luís, Raimundo e David. Este último, com 75 anos, é o único vivo. Tem seis netos e cinco bisnetos.
Este domingo, festeja vida longa rodeada de família e amigos.