Tiago Pacheco, 36 anos, transformou a sua paixão por cromos em negócio. Na Rua do Freixo, no Porto, abriu à única loja do país exclusivamente dedicada à venda daqueles objetos de coleção. O espaço, nascido em plena pandemia, em 2020, tornou-se um projeto de vida e ponte com o Mundo.
Corpo do artigo
A obsessão com os cromos começou com o antigo jogador de futebol João Vieira Pinto, que tal como ele tem origens no Bairro do Falcão, em Campanhã. "Quando era pequeno tinha uma grande paixão por cromos, colecionava cadernetas e cromos em específico do João Pinto por ser do meu bairro", conta ao JN. Desde miúdo, como tantos outros, Tiago cresceu a colecionar cromos. Mas foi em 2014, ao lado da mulher, a percorrer feiras de velharias e de colecionismo, que transformou o hobby em missão. Durante anos, chegou a completar 40 cadernetas só para si. Em 2020, no auge da pandemia e depois de abandonar o cargo de administrativo de internamento que ocupava num hospital privado, abriu a "Loja dos Cromos". Uma decisão arriscada, mas que se revelou visionária.
Os cromos, os clientes e o Mundo
Hoje, o espaço é referência nacional para colecionadores. "Entre 30 a 40 envios por semana" partem do Porto para todo o país e ultrapassam fronteiras, chegando aos cinco continentes. A base de seguidores ultrapassa os 11 mil no Facebook e mais de cinco mil no Instagram. Há um toque de intimidade no atendimento: é Tiago quem responde a cada pedido, quem confere cada cromo. Com um stock que ronda os cinco mil cromos da Liga, a loja mantém coleções desde futebol a Harry Potter, Dragon Ball e Minecraft.
Mas o desporto-rei continua a imperar. Hoje, os cromos mais procurados são os de estrelas como Rodrigo Mora, do F. C. Porto, e Gyokeres, do Sporting - verdadeiros tesouros entre os fãs. Os cromos mais raros, por serem produzidos em menor escala, atingem valores altos no mercado de trocas.
Um AVC e o renascer entre saquetas
A 21 de junho de 2021, "no primeiro dia do verão", a vida de Tiago mudou repentinamente: um AVC (acidente vascular cerebral) deixou-o em coma induzido durante 11 dias, tendo sofrido uma paragem cardíaca durante seis minutos. "Foram os cromos que me salvaram", partilha, recordando que os médicos "chegaram a dizer à esposa que não ia sobreviver". "Os médicos disseram que eu não me ia lembrar de nada, o que é certo é que eu me lembrava de tudo. A minha primeira pergunta à minha esposa, após o coma, foi que coleções de cromos é que tinham saído", conta.
"Isto, para mim, é 24 sobre 24 horas, é o meu Mundo, é o meu negócio, mas eu faço o que eu gosto. Adoro abrir saquetas e organizar para mim e para os clientes", remata.