Polícias e bombeiros que organizam o evento este sábado, em Odivelas, têm como missão angariar verbas para pagar terapêutica dispendiosa a enfermeira diagnosticada com carcinoma invasivo da mama. A iniciativa tem também como objetivo apoiar a divulgação de uma petição para a comparticipação do fármaco.
Corpo do artigo
É neste sábado que o pavilhão do Ginásio Clube de Odivelas se transforma em palco do torneio solidário de futsal a favor de Ana Rita Campos, uma enfermeira de 42 anos que no ano passado foi diagnosticada com um cancro da mama bilateral e invasivo e precisa de ajuda para a aquisição de um medicamento que ajuda a prevenir recidivas da doença e o respetivo alastramento a órgãos vitais.
Organizado pela Associação Desportiva de Árvore Forças Segurança Unidas (ADAFSU), de Vila do Conde, em parceria com os Bombeiros de Odivelas, o evento “Juntos pela Rita” vai contar com a participação de 10 equipas compostas por polícias, bombeiros, seguranças privados e profissionais do INEM, e as receitas das inscrições revertem na totalidade a favor de Ana Rita Campos.
Em campo, estes profissionais vão jogar com a missão de ajudar a alcançar os 84 mil euros de que Rita - como é conhecida por todos - precisa para pagar os dois anos de terapêutica com Abemaciclib, que a ajudará a prevenir metástases. Além dos jogos que vão ser disputados, haverá também sorteios de camisolas autografadas do Benfica, Sporting, Estrela da Amadora e Leça Futebol Clube, adianta ao JN o presidente da ADAFSU, Bruno Brini, que deixa o apelo: “Compareçam em força, porque vai haver muitas surpresas e sorteios. E, sobretudo, porque vão participar numa causa para ajudar uma pessoa”.
Evento divulga petição
O evento solidário servirá também para divulgar a petição pública online "Pedido de comparticipação do medicamento Abemaciclib como prevenção de recidivas do cancro da mama", lançada pela enfermeira na tentativa de que o fármaco passe a ser comparticipado como terapêutica preventiva, à semelhança do que já acontece em vários países. Em Portugal, é apenas usado como medida paliativa, o que não se enquadra no caso de Rita.
No documento, que está alojado na plataforma online "Petição pública", a enfermeira sublinha que "desde 2020 há evidência científica que este medicamento é também eficaz na prevenção de recidivas de doentes com cancro da mama com elevado grau de risco de recidivas (ensaio clínico MonarchE), sendo a sua utilização para este fim aprovada pela Agência Europeia do Medicamento e recomendada como tratamento adjuvante pela Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO) e pela Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO)". E acrescenta: "em Portugal só é possível realizar o tratamento adjuvante em hospitais privados, uma vez que o Infarmed ainda não autorizou a utilização do Abemaciclib nos hospitais públicos para esta indicação, autorizando apenas para tratamento paliativo".
O torneio de sábado, que decorre entre as 9 e as 19 horas, será a segunda iniciativa que a ADAFSU, sedeada em Vila do Conde, organiza fora de portas, fazendo-a rumar até Odivelas, onde Rita vive com o marido e os dois filhos, um menino de seis anos e uma menina de três. Nesta cidade do distrito de Lisboa, a associação conta com o apoio dos Bombeiros Voluntários de Odivelas, que estão a celebrar 126 anos e associaram-se à causa da enfermeira.
Campanha solidária
Sem meios financeiros para fazer face ao custo da terapia, que urgia iniciar, Rita e o marido, Nuno Assunção, lançaram, em abril, uma campanha de angariação de fundos na plataforma "Gofundme", em "Enfermeira e mãe jovem - tratamento para cancro". Os donativos multiplicaram-se e permitiram que a enfermeira de Odivelas iniciasse em maio o tratamento de dois anos com Abemaciclib, fármaco que custa 3500 euros por mês, um valor superior à soma dos dois ordenados do casal.
O dispendioso medicamento é a esperança de Rita, que, no ano passado, e ainda a amamentar a filha mais nova, descobriu que tinha cancro nas duas mamas - carcinoma invasivo da mama e bilateral -, já com o comprometimento de gânglios linfáticos e de tecidos exteriores aos gânglios, o que agrava o risco de metástases. O prognóstico traçado pelos médicos não deixou dúvidas: apesar dos tratamentos (quimio e radioterapia) e das cirurgias por que passou (mastectomias e esvaziamento da axila), a probabilidade de a enfermeira voltar a ter cancro, mas desta vez num órgão vital - como pulmões, fígado ou cérebro -, é muito elevada e pode ser fatal.
Rita foi, por isso, proposta para o tratamento com Abemaciclib mas, em Portugal, este fármaco não está a ser usado para prevenção, e sim como tratamento paliativo, pelo que não é comparticipado como medida preventiva, atingindo, para este fim, um valor incomportável. No entanto, o medicamento "já foi aprovado pelas sociedades de oncologia europeia e americana, e está a ser utilizado noutros países para prevenção", destaca Ana Rita Campos, que pode conseguir um "aumento da esperança de vida" se fizer esta terapia, cujos resultados já estão comprovados em estudos.
Além da angariação de fundos na plataforma "Gofundme", em "Enfermeira e mãe jovem - tratamento para cancro", é possível ajudar com donativos para a conta com o NIB 006100500552474050048.