Cerca de 2500 aficionados das corridas de touros à portuguesa foram brindados, esta terça-feira, com cartazes e cânticos de protesto de um grupo de manifestantes anti-tourada. "Tourada é tortura, não é arte nem cultura; vergonha nacional" eram alguns dos slogans. O protesto foi levado a cabo pelo Partido PAN - Pessoas, Animais e Natureza.
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Contrariamente à última edição da tourada, antes da pandemia, desta vez não houve desacatos devido à intervenção da GNR que matava à nascença reações mais intempestivas.
A maioria dos espectadores, quando passava em frente aos manifestantes, acelerava o passo. Outros, diga-se poucos, mostravam-se dispostos a "dar troco", mas, rapidamente, estas intenções eram neutralizados pelos militares.
Entre estes, José Monteiro, barbeiro de profissão, referia que "todo o animal é sacrificado" e deixava o recado aos contestatários: "Então que não comam carne". Dizia ainda ter animais em casa e questionava: "Não posso matar um anho para comer?".
Quem quer ver vê, quem não quer que vá à sua vida
Já o empregado da construção civil, Horácio Pinto Vieira considerava que "a GNR não devia permitir" o que se estava a passar. "Quem quer ver vê, quem não quer que vá à sua vida", dizia.
Um dos pontos mais focados do protesto foi a presença de inúmeras crianças que, pela mão dos pais, foram ver o espetáculo. "A organização das Nações Unidas já recomendou a Portugal por diversas vezes que interditasse a entrada de menores, até aos 16 anos, nas touradas. Está mais que provado e a Ordem dos Psicólogos já emitiu pareceres a dizer que não é benéfico para as crianças, do ponto de vista emocional e psicológico, assistirem a estes eventos que vão transferir a violência que ali assistem sobre os animais para outros contextos", referiu ao JN Bebiana Cunha do PAN.
A corrida de touros de Baião teve organização privada e voltou a coincidir com as festas do concelho em honra de S. Bartolomeu. A Autarquia, entidade que promove as festas concelhias, diz que nada tem a ver com a iniciativa tauromáquica a não ser com a ratificação do "licenciamento do recinto".