O porta-voz do movimento "Vianenses pela Liberdade" admitiu que a tourada realizada, este domingo à tarde, em Viana do Castelo, "não teve casa cheia", mas garantiu que em 2015 a cidade será palco de uma nova corrida de touros.
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"De facto, a casa não está como nós estávamos a prever, estávamos a prever casa cheia e não está. Talvez por não ter sido no dia 24 [de agosto] e depois haver esta grande confusão entre a Câmara e a nossa organização: há, não há, depois falta uma licença, e por isso a casa não está mesmo como estávamos a prever", afirmou José Carlos Durães.
Questionado pelos jornalistas admitiu que por causa da fraca adesão, a direção do movimento decidiu não permitir a entrada da comunicação social na praça amovível onde decorreu o espetáculo tauromáquico. "Exatamente. Para não dar tanto mau aspeto, como às tantas podem pensar as pessoas lá fora", afirmou.
José Carlos Durães adiantou que o grupo local de aficionados que este ano pela primeira vez foi responsável pela organização da tourada vai voltar a promover uma corrida de touros em 2015. "No próximo ano vamos realizar a tourada na mesma. Não vamos baixar os braços", disse.
Em 2012 e 2013 as touradas realizadas em Viana do Castelo foram promovidas pela Prótoiro, federação de associações taurinas.
Além de pouco público, a terceira corrida de touros que ocorreu em Viana do Castelo desde que a cidade se declarou antitouradas registou fraca adesão de ativistas pelos direitos dos animais, apesar do forte dispositivo policial.
A ordem para que o espetáculo fosse iniciado foi dada às 17.00 horas pelo diretor de corrida, nomeado pela Inspeção-Geral das Atividades Culturais (IGAC).
Pouco antes do início da tourada, Manuel Gama garantia à Lusa que "tudo estava em ordem para a realização do espetáculo" que incluiu a lide de seis touros, com dois toureiros, um novilheiro e um grupo de forcados.
"Como sabe, isto é um espetáculo legalizado pelo Estado. Sou representante do Estado e se me mandaram estar cá é porque está tudo em condições, tudo dentro da lei para se dar o espetáculo tauromáquico", sustentou o diretor de corrida.
Questionado pela Lusa sobre a ausência de vistoria ao recinto, denunciada pela Câmara Municipal, e da inexistência de parecer da proteção civil sobre as medidas de autoproteção, Manuel Gama respondeu: "Essa parte já não me compete a mim. Não vou poder responder a essa questão".
Nas proximidades do terreno privado onde está instalada a praça amovível concentraram-se cerca de 50 manifestantes vestidos de preto, gritando palavras de ordem sob olhar atento do corpo de intervenção da PSP, que disponibilizou mais de 30 homens e duas unidades cinófilas para o local, que não chegaram a intervir.
No sábado, o comandante do Centro Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Viana do Castelo afirmou à Lusa ter informado a organização que a arena amovível não se encontra licenciada.
Em causa, explicou na altura, estão as medidas de autoproteção previstas no decreto-lei n.º 220/2008 e pela portaria n.º 1532/2008.
Além da ausência daquele parecer, o comandante distrital adiantou ter sido informado pela câmara, na sexta-feira, da inexistência de Alvará de Licença de Instalação e Funcionamento de Recinto Improvisado face à impossibilidade de realização, da respetiva vistoria por impedimento do requerente.