Um grupo de trabalhadores manifestou-se, na manhã desta terça-feira, à porta da empresa Hutchinson, em Campo, Valongo, para contestar o despedimento de três funcionários e exigir melhores salários. A secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, participou na ação.
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Os operários, que prestavam serviço ao abrigo de contratos com empresas de trabalho temporário, denunciaram um clima de intimidação e sublinham que as dispensas ocorreram entre dois plenários, no dia 14 de março.
"Quando os dirigentes sindicais e os membros da comissão sindical iam a entrar na empresa, para o segundo plenário (14.45 horas), cruzaram-se com trabalhadores muito apreensivos. Tinham sido chamados, com urgência, aos Recursos Humanos da Hutchinson, para ouvirem a decisão das empresas de trabalho temporário: iam ser despedidos, por serem pouco produtivos e não haver trabalho para eles", explica um comunicado distribuído aos jornalistas.
O mesmo texto refere que, depois, houve uma reunião de emergência com os Recursos Humanos da Hutchinson, na qual foi dito que se tratou de "uma coincidência" o facto de o despedimento ter ocorrido entre os dois plenários.
"Foram as empresas de trabalho temporário, que informaram que íamos embora. Eu perguntei o motivo, mas apenas disseram que foram ordens da chefe de produção. Não havia motivo concreto. Disseram-me que não podia entrar mais ao serviço, que a empresa iria pagar-me o ordenado e que devia ficar em casa os 30 dias que ainda tinha que cumprir", disse Eduarda Monteiro, de 32 anos, uma das funcionárias dispensadas.
"Eles coagiam-nos a não participar nas greves, nos plenários, pois há muita coisa negativa que acontece aqui e que só nós sabemos", referiu, por sua vez, Jordana Martins, de 25 anos, outra das despedidas. "Disseram que por perda de produção, por não haver pedidos, o que é mentira, tinham que finalizar os contratos de trabalho", acrescentou.
Relativamente a uma possível reintegração, Eduarda diz que quer voltar a trabalhar nesta empresa. "Eu não tenho nada contra o trabalho. Gostava de trabalhar aqui, gostava das pessoas com quem trabalhava. O que eu não gosto é de ter uma empresa que nos sanciona por termos os nossos direitos", afirmou.
Já Jordana, só voltaria a aceitar ser reintegrada na empresa por falta de opção: "Isto não está, nem perto, de um lugar onde alguém queira trabalhar".
Ambas as jovens têm apoio do sindicato para avançar com um processo em tribunal.
Na manifestação, os trabalhadores também exigiram aumentos salariais. "A empresa tem que enfrentar esta resistência, esta luta dos trabalhadores e responder às reivindicações. Os trabalhadores apenas exigem aquilo que é seu por direito. Eles produzem a riqueza nesta empresa e têm salários miseráveis", observou Isabel Camarinha.
No local, ninguém da empresa se mostrou disponível para prestar declarações. O JN também tentou obter uma reação através de email, mas ainda não obteve resposta.