Os 79 trabalhadores do lar Mansão de Santa Maria de Marvila alvo de um despedimento coletivo vão poder ingressar na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, se assim o pretenderem, anunciou esta quinta-feira o sindicato do setor.
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A informação foi dada à Lusa pelo coordenador da direção regional de Lisboa do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP), Orlando Gonçalves.
O sindicalista falava no lar, gerido pela Fundação D. Pedro IV, após cerca de duas horas de reunião com os trabalhadores alvo de despedimento coletivo.
"No plenário que fizemos esteve a ser discutida a questão do ingresso, da possibilidade de ingresso dos trabalhadores na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, de acordo com o compromisso assumido, anteriormente, há dois dias, em reunião com o Instituto da Segurança Social, com a vogal e o senhor provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa", disse.
Em 11 de agosto, o Estado foi responsabilizado pela Fundação D. Pedro IV pelo despedimento coletivo de 79 trabalhadores do lar Mansão de Santa Maria de Marvila, que acusava o Instituto de Segurança Social (ISS) de não cumprir obrigações financeiras contratualizadas.
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A denúncia do despedimento coletivo foi feita, na ocasião, pelo CESP, tendo Orlando Gonçalves dito na altura que já tinha enviado um ofício à ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, a pedir explicações sobre o futuro destes trabalhadores e para o qual não obteve ainda resposta.
De acordo com o dirigente sindical, os 79 trabalhadores têm até sexta-feira para informar a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa se pretendem ou não ingressar naquela estrutura.
"[A Santa Casa] pretende já no início de setembro começar a chamar os trabalhadores para entrevistas para os conhecer e para ver os locais para onde poderão ir. Sabendo que vai abrir na Estrela um hospital da Santa Casa, em novembro, quer começar já a tratar desse ingresso dos trabalhadores para lhes dar formação", realçou.
Trabalhadores com aumento se forem para a Santa Casa
Segundo Orlando Gonçalves, os trabalhadores que ingressarão na Santa Casa terão ainda um aumento salarial.
"Essa é a boa notícia para os trabalhadores, porque o salário mínimo que estes trabalhadores aqui tinham era de 645 euros, lá [na Santa Casa] o salário mínimo é de 675 euros. Há aqui uma valorização, mas também há uma serie de direitos. Aqui trabalhavam 37 horas semanais, lá todos os trabalhadores vão trabalhar 35 horas", referiu.
Entretanto, esta quinta-feira de manhã, a Fundação D. Pedro IV assinou um "Protocolo de Compromisso" com o Instituto da Segurança Social (ISS) que acautela uma solução estável até à transferência de todos os idosos que ainda permanecem no lar.
"Foi estabelecida uma prestação de serviços da fundação na mansão até ao final do mês de setembro", adiantou o presidente do Conselho de Administração da Fundação, Vasco Canto Moniz.
De acordo com Vasco Canto Moniz, foi possível encontrar soluções para "retirar com tranquilidade" os cerca de 80 idosos -- de cerca de 130 - que ainda se encontram no lar Mansão de Santa Maria de Marvila.
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"Pensamos que tudo estará resolvido até ao dia 26 de setembro. É, pelo menos, esse o nosso objetivo e o da Segurança Social também", apontou, ressalvando que "hoje o lar foi entregue formalmente ao Instituto da Segurança Social".
Questionado sobre a cessação de um contrato com uma empresa de lavandaria antes do período acordado, o presidente do Conselho de Administração da Fundação escusou-se a tecer muitos comentários.
"Não sou eu que trato desse assunto, mas isso é uma questão menor que será tratada no âmbito administrativo e que para qual será encontrada uma solução", disse.