Trinta pessoas, com várias palavras de ordem, aguardavam pela chegada de Cavaco Silva à primeira empresa que foi ontem, sexta-feira, visitar.
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A cerca de 100 metros da Flex 2000, em Ovar, os trabalhadores da Investvar, grupo que produz calçado para a Aerosoles, exibiam a marca nas camisolas. "Estamos à espera do Estado, por isso está tudo parado" era uma das frases escritas em letras gordas.
O carro onde viajava Cavaco Silva chegou à curva onde os trabalhadores esperavam e passou rapidamente. "Passou muito depressa. Parece que isto nem é um problema para o país. Era desnecessário", desabafava Pedro Moreira, porta-voz dos funcionários.
Apesar de registar que "foram barrados pela GNR", na sua tentativa de esperar o chefe de Estado à porta da Flex 2000, registou, com agrado, que três representantes iriam ser recebidos, naquele local, pelo chefe da Casa Civil e por um assessor.
"Queremos manifestar mais uma vez o nosso descontentamento pela falta de uma solução da empresa e pelos ordenados em atraso. Há pessoas a passar grandes necessidades e que não conseguem pagar as suas prestações", desabafou. Perante este cenário, "nem uma resposta do Governo, nem dos accionistas", nota, num apelo ao ministro da Economia.
Questionado sobre o assunto, Cavaco Silva disse ser difícil "dar uma resposta" por não ter "responsabilidades executivas". "Mas penso que o Governo está a debruçar-se sobre esse caso", sublinhou, acrescentando que, apesar destas "realidades duras", temos "de ter esperança de que ultrapassaremos as dificuldades". "Volto a dizer, a aposta tem de ser na qualidade", concluiu.