A interrupção do contrato entre empresa agrícola e o fornecedor de mão de obra deu origem a protestos em Badajoz, Espanha, para receber dinheiro em atraso.
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Trabalhadores agrícolas de nacionalidade indostânica que, através da MK-Serviços Agrícolas, Lda, do empresário Mohammad Khagan, trabalharam para a Bolschare Agriculture Unipessoal, Lda, uma empresa controlada um fundo de investimento de risco, regressaram esta sexta-feira aos protestos, desta vez em Badajoz, para exigirem o pagamento dos serviços prestados e que não foram liquidados.
Os primeiros protestos começaram no passado sábado e repetiram-se na segunda-feira na herdade de Vale de Travessos, em Santa Vitória, concelho de Beja, onde os manifestantes empunhavam cartazes a exigiam os pagamentos dos serviços prestados. Nas redes sociais, começaram a surgir fotografias e comentários visando a Bolschare e justificando que era “uma grande vergonha". A empresa "não pagou a cerca de 120 pessoas e estão a dormir à porta do escritório em Beja”.
Mohammad Khagan acusa a Bolschare de não lhe ter pago uma fatura de 50 mil euros de um trabalho, a plantação de oliveiras que estava a ser feita em Idanha-a-Nova, em julho de 2024, e que foi interrompida por culpa da empresa. “As plantas ficaram em refrigeração durante um ano e depois de plantadas a água foi insuficiente e morreram. No entanto, voltámos a fazer a replantação, mas o contrato foi interrompido”, justificou.
Prejuízo de 400 mil euros
Estabelecido em Portugal há uma década, o empresário acrescentou que alugou casas para duas dezenas de trabalhadores ao longo de um ano em Idanha, onde pagou 33 mil euros e que, face à interrupção do contrato, perdeu mais esse valor, de um contrato que a ser cumprido teria tido um encaixe de 185.976 euros. Desse trabalho, a MK não liquidou 43.350 euros a duas empresas a quem subcontrata trabalhadores e a 4 dos seus funcionários. Mohammad Khagan revelou que, em média, a MK fatura 2,5 milhões de euros por ano. “Com os contratos que deixámos de fazer e as despesas assumidas tivemos um prejuízo de 400 mil euros. Tem sido uma bola de neve e a empresa teve que fechar o escritório e os funcionários suspensos”, rematou.
Por seu turno, a Bolschare Agriculture, através do CEO Pedro Foles, descarta responsabilidades em todo o processo e imputa culpas pela interrupção do contrato da exploração de Idanha-a-Nova à MK-Serviços Agrícolas, justificando que “o serviço foi mal executado" e dedidiram "não pagar a última fatura".
"Através de um processo judicial, que deu entrada no Tribunal de Beja em julho de 2024, reclamamos daquela empresa 180 mil euros pelos danos causados”, justificou.
Para o gestor da Bolschare, “o contrato de prestação foi feito com a empresa e não com os trabalhadores e é ao tribunal que compete decidir quem tem razão".
"Não aceitamos ações como as que se viveram na herdade e hoje em Badajoz. Em Beja houve ameaças a pessoas e difamação nas redes sociais. Na segunda-feira fizemos queixa na GNR”, rematou.
Pedro Foles sustentou que “quem trabalha deve receber e isso é ponto de honra. Se a MK deve (43.350 euros) aos trabalhadores é um problema da empresa. Nunca dissemos que iríamos liquidar aqueles valores diretamente às pessoas”, concluiu.
No protesto de hoje em Badajoz, frente à sede da Bolschare Agriculture, foi chamada a Polícia, mas como o mesmo decorria de forma ordeira, não se registam quaisquer problemas.