Cerca de duas dezenas de trabalhadores da zona industrial do Porto protestaram esta quarta-feira, à horta de almoço, contra a instalação de parcómetros. As máquinas já foram instaladas, mas ainda não há uma data prevista de quando começam a funcionar.
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Os trabalhadores juntaram-se, ao início da tarde desta quarta-feira, na hora de almoço, na Rua Engenheiro Ferreira Dias, uma das três artérias da zona industrial do Porto que passará a ter parcómetros. De acordo com os operários, esta medida - já aprovada pelo Executivo liderado por Rui Moreira - representará uma despesa adicional de cerca de 52 euros mensais (o estacionamento pago custa 40 cêntimos à hora), num universo onde maioria "recebe na sua maioria o ordenado mínimo".
Para Hernâni Pinto, 58 anos, a introdução de estacionamento pago nesta zona "não faz o menor sentido", salientando que até entende que os parcómetros estejam instalados em zonas turísiticas, "para que haja maior rotatividade". Mas, observa: "Nesta zona, quem deixa o carro às 8 horas passa aqui o dia todo".
Ainda assim, com concentração de várias empresas nesta zona, o operário assinala que "para conseguir arranjar um lugar no estacionamento é preciso chegar antes das oito da manhã". E, por conta disso, há quem arrisque mesmo deixar o carro em segunda fila.
Pedro Moura, organizador do protesto, referiu que "os trabalhadores não aceitam que agora tenham de pagar para ter o carro na rua", explicando que , "por estarmos numa zona industrial, é que muitos não tem outra opção de transporte". "Claramente esta situação só irá penalizar ainda mais a classe trabalhadora", frisou.
Turíbio Rebelo, 36 anos, residente nos Carvalhos, Gaia, contou que se já se levanta "às 6.30 horas para conseguir chegar de carro ao Porto 15 minutos antes de entrar no trabalho". "Nem quero pensar a que horas teria de me levantar se tivesse de vir de metro, ainda por cima porque antes de vir para o trabalho eainda vou deixar os meus filhos à escola".
José Correia, 66 anos, já reformado, recordou que "já em 2015 a Câmara tentou implementar os parcómetros nesta zona da cidade", tendo na altura os trabalhores "organizado um abaixo-assinado que fez a medida ir por água a baixo".
Pedro Moura garantiu que "os protestos vão continuar, mesmo que isso implique que os trabalhores sejam multados".
A vereadora da CDU, Ilda Figueiredo - que apresentou uma proposta de recomendação propondo a imediata suspensão da colocação de parcómetros na zona industrial do Porto, que acabou chumbada pelo Executivo -, esteve presente esta quarta-feira no protesto, solidarizando-se com os trabalhores.