As tradicionais rusgas, em Gulpilhares, Gaia, atraíram este domingo de manhã centenas de pessoas à Alameda do Senhor da Pedra.
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Coube à rusga de Santa Marinha abrir o evento, por volta das 10.30 horas, dançando ao centro da Alameda, circundada por centenas de pessoas.
À espera, já perfilada, aguardava o Grupo de Danças e Cantares de Sermonde, devidamente trajados a rigor.
Manuel Batista, 66 anos, à frente da rusga, não escondia no olhar a vaidade de representar o grupo: "O ano passado, fizemo-nos representar na festa com o nosso grupo de bombos, por isso, desde a pandemia que a rusga ainda não tinha voltado e, por isso, é um dia de muita alegria".
Amélia Soares, 62 anos, tocadora e ensaiadora do grupo, juntamente com o marido e presidente da rusga, Manuel Moreira, salientou ao JN o esforço que é feito" "de manter a tradição e de a passar às gerações mais novas".
O mesmo valorizou o presidente da União de freguesias de Gulpilhares e Valadares, Alcino Lopes, enquanto assistia à apresentação das rugas: "O Senhor da Pedra é uma grande festa e o Executivo desta Junta tudo tem feito para que as rusgas não acabem", ainda que esteja ciente que "os jovens preferem outras alternativas".
Carminho também vai na rusga
No Rancho Regional de Gulpilhares, todos garantem que o trabalho " de passar a tradição está a ser feito". Juliana Cunha, 38 anos, e o marido, Jorge, de 52, levaram a pequena Carminho para a rusga "com apenas três meses". "Agora, com 15 meses, gosta muito e porta-se bem!", assegura a mãe, com a menina ao colo, devidamente trajada.
Enquanto a cantadeira da rusga de Sermonde cantava a plenos pulmões "Ó meu rico Senhor da Pedra, ó meu santo adorado", outro elemento do grupo oferecia à mesa, onde estava sentado Alcino Lopes, tremoços, azeitonas, pão e o tradicional ramo de camarinhas (uma espécie de urze). "Quando era mais novo, estas bolinhas do ramo eram do tamanho de pérolas, agora são bem mais pequeninas", descreveu o autarca.
No corredor onde estão as bancas da festa, Amélia Cristina, de 51 anos, que segurava um ramo de camarinhas, e Fernando Santos, de 61, tentavam acompanhar as rusgas, ainda que atrás de várias filas. "Não podíamos deixar de vir! É a grande festa da terra", expressou Fernando, garantindo que esta terça-feira, "depois de sair do trabalho", também cumprirá "a tradição de fazer o piquenique", depois da procissão, que sai à rua às 17 horas.
"Antigamente, no tempo dos meus pais, é que era mais complicado, porque vínhamos desde a zona da igreja até aqui, junto à capela, com as trouxas à cabeça com o farnel", contou Fernando, acrescentando que no piquenique "não pode faltar o bacalhau frito, rissóis e croquetes".
Ainda a acabar de montar a banca de doces, com as fogaças e beijinhos de amor, trazidos da Padaria Laura, negócio com mais de 60 anos em Santa Maria da Feira, Alfredo Soares, 65 anos, desabafou que "o negócio morreu muito". Tanto que não aumentou os preços. "Luto para manter isto", concluiu.