Seis membros da administração da Santa Casa da Misericórdia de Trancoso tomaram a primeira dose da vacina contra a covid-19, apesar de não estarem sinalizados como elementos dos grupos considerados prioritários.
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Os elementos em causa são o provedor da instituição, dois colegas padres-capelões e quatro colaboradoras da farmácia detida pela Santa Casa.
Uma das funcionárias, que além de diretora da farmácia, é irmã do delegado de saúde e filha do presidente do município, foi vacinada depois de concluída a vacinação no lar da freguesia de Cogula, onde a Misericórdia tem uma das três estruturas residenciais para idosos. O padre Joaquim Duarte, provedor da Misericórdia em causa, confirmou que essa vacinação aconteceu há cerca de duas semanas "por insistência da técnica da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda, para não serem desperdiçadas as vacinas sobrantes".
O JN soube que o centro de saúde local terá levantado objeções por estar a ser violado o protocolo, mas a vacinação aconteceu por ordem superior, na sequência de um surto que, em dezembro do ano passado, afetou dezenas de pessoas, entre utentes e funcionários, e ditou a morte de pelo menos 20 idosos. Por enquanto, ainda não foi possível obter uma reação junto da médica que coordena a Unidade Distrital da Saúde Pública, Ana Isabel Viseu. A administração da ULS da Guarda, que superintende o processo de vacinação na região, já está a averiguar internamente a razão do sucedido, mas também ainda não se pronunciou.
Universo da ULS quase vacinado
A coordenação do plano de vacinação do país indicou os profissionais de saúde como os primeiros destinatários da vacina e a ULS da Guarda começou pelos que trabalham nos serviços de primeira linha no combate à doença.
Segundo os dados da Unidade de Saúde Ocupacional, já foram vacinados 1768 profissionais, mas apenas a 639 foram ministradas as duas doses. Até ao final desta semana, devem ficar vacinados cerca de duas mil pessoas, de um universo superior a 2300 funcionários da ULS. Seguiram-se os utentes e funcionários dos lares, excluindo as estruturas residenciais para idosos com surtos ativos. As orientações mais recentes indicam que bombeiros, idosos com mais de 80 anos e pessoas com 50 ou mais anos com determinadas doenças possam começar a ser vacinados também, a partir da próxima semana.