Os Bombeiros de Riba de Ave (Famalicão) estão à espera de receber 47 mil euros de transporte de doentes. Nem o Hospital Narciso Ferreira nem a ARS assumem a factura. Hoje, a corporação reúne com o hospital para resolver problema de quem paga o serviço.
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O director clínico do hospital, Salazar Coimbra, considera que o aviso aos utentes é "injusto" para com a ARS, uma vez que "generaliza" a situação, quando aquela entidade só não paga as transferências das 8 às 20 horas. Não obstante afirmar que a responsabilidade dos pagamentos é da ARS, Salazar Coimbra adiantou que, "perante o défice da população da região" e as dificuldades económicas que enfrenta, "caso um doente precise de ser transferido para outra unidade, o hospital vai suportar os encargos". "Enquanto pudermos suportar esta partilha de solidariedade para com aqueles que mais precisam vamos assumir as transferências", afirmou o responsável. Salientando o donativo que o hospital dá anualmente à corporação de Riba de Ave, Salazar Coimbra ex-plicou que apresentou aos bombeiros um protocolo em que se aumenta a quota mensal e o donativo.
Ontem, a unidade de saúde emitiu um comunicado a informar que, a partir de agora, assumirá a despesa das transferências.
O arrastar do problema - sem que nenhuma entidade assumisse o encargo - leva os bombeiros a ponderar a suspensão dos transportes, dadas as despesas acumuladas. A corporação tinha já afixado um aviso, alertando que os utentes teriam de pagar as viagens, uma vez que nem hospital nem ARS - Administração Regional de Saúde assumiam a factura. Até 2006, a ARS pagava todas as transferências.
O pagamento dos transportes é um problema que se vem arrastando, uma vez que ARS e hospital têm diferentes interpretações de um protocolo assinado por ambas as instituições. A ARS entende que, das 8 às 20 horas, os utentes têm centro de saúde aberto, pelo que se vão ao hospital da Misericórdia é por sua vontade. Já o hospital recorda que é um SAP (Serviço de Atendimento Permanente), tendo de estar aberto 24 horas por dia.
Com o arrastar da situação, os bombeiros têm montantes em débito que ninguém paga pelo que decidiram informar o doente que, a partir de agora, passará a suportar os custos. "O utente tem de ter consciência de que se vai ser transferido e precisa de uma ambulância é ele quem tem de pagar, porque nem hospital nem ARS assumem a responsabilidade", explicou o presidente da Direcção dos bombeiros, Narciso Silva.
"A partir de Julho de 2008 pedimos que fosse dito aos doentes que seriam eles a pagar, mas a informação foi deficientemente transmitida", adiantou, referindo que muitas pessoas, confrontadas com as facturas, alegaram que desconheciam a situação. Até Julho de 2008, a despesa chegou aos 47 mil euros. A partir dessa data, os custos mensais com as transferências atingem os dois mil euros.
A ARS disse ao JN que sempre cumpriu as responsabilidades.