A Câmara da Maia gasta anualmente entre 40 e 50 mil euros em portagens com os camiões que vão depositar o lixo na unidade Lipor 2, que se localiza no concelho.
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Sem um percurso alternativo, os veículos são obrigados a passar, várias vezes ao dia, pelos pórticos da A41.
Dos oito municípios que acedem ao aterro da Lipor para despejar os resíduos sólidos, o JN conseguiu obter dados sobre as despesas de cinco com portagens. A Maia é o que mais gasta, ao passo que, para o Porto, esses custos não existem. Valongo registou, no ano passado, uma despesa de mais de 6000 euros. Espinho paga, em média, cerca de 3000 euros. Desde janeiro, sem contar com as faturas da SUMA - que faz parte do transporte dos resíduos - Vila do Conde já gastou 1900 euros.
Apesar das tentativas de contacto com o consórcio Eco Rede/ Rede Ambiente, que assegura a recolha nos concelhos de Matosinhos, Póvoa de Varzim e Gondomar, não obtivemos respostas.
"Quem decide estas coisas está, no mínimo, a 320 quilómetros de distância, porque se estivesse mais próximo, se houvesse regionalização ou outro tipo de abordagem racional e inteligente, nada disto acontecia", critica Silva Tiago, presidente da Câmara da Maia, sublinhando, se o aterro existe atualmente, é graças à "abertura intelectual" do município.
"[As portagens] foram a paga que a Maia teve dessa abertura. Sem esse sobrecusto poderíamos fazer com que a fatura aos munícipes baixasse", sublinha.
Sem portagens, VCI melhora
O autarca afirma que os custos com a circulação dos camiões do lixo na A41 são mais "um detalhe" das consequências das portagens para as cidades. Para o autarca, o fim do pagamento em estradas como a Circular Regional Exterior do Porto iria ajudar a resolver os problemas da VCI.
"As pessoas, como não querem pagar portagens, vão pela VCI. Congestionam o trânsito da metrópole para depois entrarem na A28 ou na VRI. Há estudos encomendados que evidenciam isso. É uma questão de inteligência", sustenta.
O autarca salienta que as portagens "têm efeitos negativos para as contas públicas". "Os congestionamentos provocam maior desgaste dos veículos e maior consumo dos combustíveis. Como nós não produzimos, temos de comprar carros mais depressa, importar peças de substituição e mais petróleo".
Silva Tiago lamenta ainda os efeitos negativos que os pórticos têm para os maiatos em particular. "A Maia tem quatro portagens entre a saída ou a entrada para o aeroporto e a saída ou entrada no Maia Jardim [centro comercial]", contabilizou, argumentando que, assim, quem quer deslocar-se do centro da cidade para a zona industrial tem de pagar ou congestionar vias municipais.
Empresa municipal
A recolha do lixo é da responsabilidade da empresa municipal Maia Ambiente. O regulamento de edificação estipula que os prédios em construção devem ter espaços interiores para contentores.
Recolha seletiva
A recolha seletiva porta-a-porta é feita em todas as zonas do concelho, abrangendo cerca de 40 mil habitantes. De acordo com a Autarquia, em janeiro deste ano, o município renovou o recorde de reciclagem que já lhe pertencia.