O novo serviço municipal de transportes coletivos urbanos em Viana do Castelo, TUViana, vai continuar gratuito pelo menos até dezembro, até serem concluídos os processos de implementação do sistema de cobrança e dos novos tarifários.
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A informação foi avançada pelo autarca local, Luis Nobre, que, nesta segunda-feira, realizou uma conferência de imprensa para fazer o balanço da primeira semana de operação. O serviço será gratuito até à implementação global do sistema de bilhética e de um novo regulamento de preços, que contemplará um passe único para toda a rede no valor de 25 euros e descontos para estudantes e maior de 65.
"Precisaremos sempre, no limite, de dois meses para ter o processo concluído", referiu, indicando que, até ao arranque das viagens pagas, ainda falta concluir a "fundamentação económica para o tarifário" que já está definido, a sua aprovação em reunião de câmara, submissão a discussão pública e posterior luz verde da assembleia municipal. Quanto à operação propriamente dita, afirmou que, a partir de 1 de outubro, estarão estabilizados os horários, ainda em processo de ajustes, principalmente no que toca aos circuitos escolares. E que o serviço deverá chegar a todas as zonas industriais em outubro.
Das 16 linhas previstas pelo novo sistema de TUViana, para já, estão a ser operadas "11 linhas, integrando circuitos de 14", até que seja admitido um último lote de agentes únicos de transportes coletivos, selecionados através do terceiro concurso público que ainda está em curso. Na estrada, estão a operar 11 de um total de 17 autocarros elétricos, sendo que "ficarão sempre três em reserva" de apoio à rede.
Presente na conferência de imprensa, Luis Pereira, responsável da MotaEngil Renewing, empresa que forneceu a frota elétrica adquirida pela câmara de Viana para assumir o serviço, os veículos em circulação em Viana do Castelo "são o estado da arte a nível mundial".
"Não temos nenhum outro fornecedor que consiga entregar carros melhores do que este. Em termos de tecnologia, do que está disponível a nível de baterias e mobilidade elétrica, é o topo", declarou Luis Pereira, garantindo que o fornecimento da frota foi feita "em tempo recorde" e que o arranque da operação "está a correr bem em termos técnicos".
Adiantou que autonomia dos veículos é de cerca de "400 quilómetros" e que o sistema de segurança é dos mais avançados. "Estas viaturas já cumprem o "global safety regulation fase 2". São viaturas que não permitem ataques informáticos, que tem câmaras a toda a volta e que, se houver uma criança ou um transeunte a passar nos ângulos mortos, tem avisos ao motorista", explicou, concluindo que "tudo isso são equipamentos que fizemos questão de incorporar na viatura, que neste momento não pode ser mais segura. Não há viaturas mais seguras que esta. São topo de gama a nível mundial".
Os veículos têm diferentes capacidades: 78 passageiros, os standart, 50 os médios, e 21 os dois mini-bus elétricos que circulam no centro histórico de Viana do Castelo, que foram fornecidos por uma outra empresa. Luis Nobre afirmou, quanto à gratuitidade do novo serviço TUViana, que esta "não é prioridade" do município, até porque a receita será necessária para ampliar a operação a todo o concelho no futuro.
"Quando dizemos que é gratuito, deixamos de ter receita, de cuidar o que temos, e nunca encontraremos soluções, nomeadamente financeiras, para alargar e alavancar [o serviço]. O tarifário que pretendemos como definitivo é absolutamente disruptivo", declarou o presidente da câmara de Viana do Castelo, adiantando que um passe único "no futuro vai custar 25 euros", quando, na concessão à empresa Transcunha, que terminou em 22 de setembro, "o somatório dos passes que existiam chegava quase a 80 euros, se o mesmo utente quisesse andar em toda a área do serviço urbano".
"Temos a ambição de alargar o serviço [urbano] ao concelho e para isso precisamos de recursos. Não vamos ter um segundo PRR", sublinhou, recordando que a criação do sistema TUViana foi financiada em 5,2 milhões de euros pelo PRR. Previu, de resto, que o início de cobrança de bilhetes não deverá acontecer antes de dezembro. Quanto à gratuitidade, como medida política praticada por outros municípios, comentou: "Não tomo decisões populistas. Uma coisa que quero é um serviço de excelência, que tenha mecanismos e soluções de incentivo à utilização do transporte público, mas que seja sustentável. Só há uma forma de incrementarmos a excelência no futuro: é termos capacidade financeira para o fazer. Ou desviamos recursos de outras áreas, da Educação, da aposta na Economia ou na Cultura, ou tentamos que o sistema seja sustentável, na componente de receita para financiar dois domínios, manutenção e operação em si, e incrementação".